sábado, 6 de outubro de 2018

Pouca Roupa Branco 2017




Viosinho, Sauvignon Blanc e Verdelho. Simples, descomprometido, para beber sem pensar muito. Também há rosado e tinto. Custa quatro paus em qualquer supermercado e é fresco, não cansa e vai bem com pratos simples. É um de três dos brancos de base que João Portugal Ramos faz em Estremoz (os outros são o Lóios e o Marquês de Borba). Excelente RQP. Num almoço de amigos, porque não provar os três brancos? Enquanto se comem uns camarões e se grelha um robalo... Depois para o robalo, se o vinho tiver acabado, um Vila Santa Reserva branco ou o novo Marquês de Borba Vinhas Velhas serão excelentes opções.

(vinho enviado pelo produtor)

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Quinta das Bágeiras Garrafeira Tinto 2005





Não há regiões assim, não há produtores assim e também não há vinhos assim...

Claro que o que disse acima é um disparate. Na Bairrada há Baga e há muita gente a fazer vinhos de excelência. Brancos e tintos.

O enfant terrible da Bairrada, aka Mário Sérgio Alves Nuno, faz brancos e espumantes de sonho e desde 1991 faz Garrafeira Tinto. Este 2005 em magnum foi dos melhores vinhos que já bebi. A Baga em grande forma, amparada pela Touriga Nacional deram forma e corpo a um vinho extraordinário, daqueles que eu gostava de ter mais. Para partilhar. Não se abre uma garrafa assim à toa; é preciso ter companhia à altura e boa comida na mesa. Denso, tenso e intenso, pede meças a vinhos muito mais caros, venham de onde se quiser. 

Uma pérola da Bairrada, uma homenagem à Baga e à TN e um dos melhores Garrafeira Tinto saído das Bágeiras. 1991 foi mítico, 1994 e 1995 deslumbraram e mostraram que nas Bágeiras não se fazem apenas grandes brancos e espumantes. Deixo aqui um relato dum almoço fantástico e uma prova que não se esquece...

Provas #16





Uma expressão que me irrita solenemente é a seguinte:
É verde ou maduro?

Sobre isso já muito se falou e não, não há vinhos verdes, há apenas belos vinhos feitos na região dos vinhos verdes. O nosso Tugal pode não ter os melhores brancos do mundo, mas tem brancos baratos e muito bons. O Prova Régia (não sei se é o espelho de Bucelas nem me interessa) é sempre fixe. Beba-se em novo ou guarde-se uns anos e não desilude.

De Baião, ali quase no cú do Douro, onde o Avesso é rei, temos a Quinta da Covela e os seus belos vinhos. O Campo Novo de 1998 está numa bela forma (sim, é um verde com 20 anos) e os mais recentes (de 2014 e 2015) ficam muito bem na mesa. É afinfar-lhes com boa comida ou uma boa conversa e eles brilham.

O Dão reserva sempre boas surpresas e um Grão Vasco de 2002 (sim, tem quase 16 anos e era muito barato) dá um grande momento de prova. Simples e directo, bebe-se muito bem.

Continuando, o belo Pequenos Rebentos Alvarinho 2017, um vinho imperdível, de puta madre, ou um tubarão. Há Alvarinhos melhores? Claro, mas este é muito bom. O Márcio Lopes não brinca e este 2017 devia ser presença obrigatória na porta do frigorífico de qualquer enófilo que se preze (é pena ser pouco).

Para acabar, um bolhas rosado do Celso Pereira. Vértice Rosé, bom, bom, bom... 

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

MEC, a Imprensa e o Luís Pontes



No grande universo do disparate temos muita (demasiada) gente a falar de comida, seja em restaurantes, seja em casa, seja em programas de televisão. 

E temos gente a falar de vinhos (cada vez mais).

Entre chefs desconstrutivistas que não sabem cozer uma batata mas que apresentam uma posta mirandesa numa versão light com um peito de perú em cama de quinoa e farpas de mini legumelos em vinagre balasamico do tinente e um ar de qualquer coisa e grandes provadores que andam todos os dias a pedinchar vinho, é todo um mundo.

Isto a propósito da crónica do MEC onde é que elogiou* o blog do Luís Pontes, ou os dois, o Comidas Caseiras e o Outras Comidas que são blogs de referência. Mas apenas para quem gosta de cozinhar e não embarca na parvoeira. O Luís escreve bem e gosta de cozinhar. 

Foi um privilégio ter tido um projeto com ele e com a Ana Gomes a que chamámos Trilogias

Foram semanas e semanas de partilhas, de pratos e de puro gozo. 

Eu fui sempre um wild boy, a Ana sempre certinha e o Luís a deslumbrar com o empenho e tempo que dedicou a esta "brincadeira" que nos deu muito gosto e algum prazer.

Deixo aqui um abraço ao Luís e à Ana por terem tido a disponibilidade para abraçar este projeto e ao MEC um voto de que seja mais contido e informado antes de falar/escrever.

* (expressão do Porto, c*r*lho)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Lisboa 2017 by Hugo Mendes




Passou um ano desde que provei o Lisboa 2016, como relatei aqui e chegou a hora de provar o 2017. A primeira impressão, corroborada pela segunda e terceira é a seguinte: um vinho do caraças...
Não tem a finura e a elegância do 2016 nem pede para se esperar uns anos por ele, embora lhe reconheça grande potencial de evolução em garrafa. Mais aberto no nariz, cítrico e fresco, mas com uma bela estrutura. Passado algum tempo, começam a aparecer as notas de tosta do estágio parcial em barrica (para quem tiver pressa, decante o vinho para ele se mostrar). É bem capaz de se tornar um dos brancos mais desejados para o verão que veremos se aparece, pelo menos para quem quer vinhos diferentes e com assinatura. O inquieto Hugo brindou-nos com um globetrotter, desafiante e excelente companheiro à mesa. Belo vinho...

Regueiro, Bágeiras e Vértice num Almoço




Quatro vinhos brancos e três produtores, daqueles que fazem vinhos mesmo sérios...

Começa-se com um Foral de Melgaço Alvarinho 2006. Com quase dezasseis anos em cima, o que perdeu em frescura, ganhou em complexidade. Um vinho de luxo, feito pelo Paulo Cerdeira Rodrigues na Quinta do Regueiro, foi servido a acompanhar uma bola de carne de entrada e cumpriu muito bem.
Depois, com uma feijoada de samos e línguas de bacalhau, dois Garrafeiras das Bágeiras. O 2011, que para mim estava de sonho, com aquele toque rústico e um final sem tempo, a brilhar e o 2012 mais ao gosto dos presentes, estiveram em grande nível. O 2012 até pode dar um grande gozo a beber, mas aquele 2011... É fabuloso! Grandes vinhos da Bairrada, feitos pelo Mário Sérgio Alves Nuno.
Para acabar, um Vértice Millésime de 2011. Feito pelo Celso Pereira, levou com 93 pontos Parker na Wine Advocate de agosto de 2016. É um grande espumante do Douro e será o vinho mais fácil de encontrar deste grupo...

domingo, 20 de maio de 2018

Uma dúzia de Brancos para o Verão


Há uma coisa que me faz alguma confusão e que tem a ver com a falta de oferta de vinhos bons e baratos nos super e hipermercados. Aliás, destes doze brancos, só o primeiro foi comprado no supermercado; todos os outros foram comprados em Garrafeiras, mas isso será tema para outra abordagem...
Escolhi vinhos com preços a rondar os cinco euros das colheitas disponíveis (entre 2015 e 2017) e fui provando calmamente, sem tirar notas (o que até é um exercício de memória interessante, já que alguns destes vinhos foram provados há mais de um mês). A ordem é arbitrária.



  • Prova Régia - É um clássico de Bucelas, um Arinto competente. Se o 2015 merecia que se guardasse algum tempo (agora deve estar em boa forma), o 2016 bebia-se bem em novo. Este 2017 está porreiro, mas espere-se um par de meses (ou não). Um valor mais que seguro, tendo em conta o preço (PVP recomendado de € 3,49);
  • Portal do Fidalgo - Um Alvarinho da PROVAM, fácil de beber e de gostar. Recomendo. Este 2016 está em boa forma;
  • Montes Ermos Reserva - Da Adega de Freixo de Espada à Cinta, é um branco que pede comida e que tem uma relação qualidade/preço excelente (custa menos de quatro euros). Também de 2016, experimente-se este vinho do Douro Superior com um mix de carnes na grelha;
  • Casa da Passarela, a Descoberta - O branco de 2016 de entrada de gama, feito pelo Paulo Nunes para beber sem complicações. Equilibrado, cai bem a solo ou com peixes e mariscos sem grandes pirotecnias culinárias. Um Dão bem fixe;
  • Quinta do Cardo Síria - A Beira interior começa a impor os seus vinhos e este 2016 é um bom exemplo disso. A Síria (o Roupeiro do Alentejo) dá-se bem em altitude e o vinho é fresco e com boa acidez. Tem boa aptidão gastronómica. Boa escolha;
  • Filipa Pato - Feito com Bical e Arinto na colheita de 2016, expressa o carácter dos brancos da Bairrada e fá-lo com elegância. Muito equilibrado, bebe-se bem, mas é capaz de estar melhor daqui a um par de anos. É comprar, beber e guardar;
  • Paulo Laureano - Um Antão Vaz de 2017 fresco e vibrante, uma bela surpresa.



  • Titular - Vinho de entrada da gama Caminhos cruzados, tem mão de Manuel Vieira. Sendo de 2015, está feito e no ponto para ser bebido. Porreiro para uma conversa ou para a mesa. Encruzado, Malvasia Fina e Bical a compor um vinho muito equilibrado;
  • Dão Niepoort Rótulo - Feito em 2015 com Borrado das Moscas (Bical), Rabo de Ovelha, Cercial e outras castas, é um vinho elegante e com tudo no sítio, que se bebe muito bem;
  • Maias - Este branco de 2016 do Luís Lourenço é outro vinho de entrada (tal como o Roques) que cativa pelo equilíbrio e pela boa relação qualidade/preço. Para beber descontraidamente;
  • Montes Ermos Códega do Larinho - Este Varietal de 2015, também da Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, no Douro Superior, é um vinho feito para a mesa, a pedir um bom peixe no forno. Muito porreiro;
  • Quinta de San Joanne Terroir Mineral - Este vinho do João Pedro Araújo merece que se esperem uns anos para o beber (uns dez...) para mostrar o que vale. Ainda assim, em novo, é muito bom e este 2016 está em grande forma. Feito perto de Amarante, é a prova de que os vinhos da região dos Vinhos Verdes podem aguentar anos em garrafa.



terça-feira, 10 de abril de 2018

João Portugal Ramos, entre Vila Santa, Marquês de Borba e Conde de Vimioso Reserva




Três vinhos de JPR com o ADN que pauta a sua postura enquanto produtor. Fazer o melhor e meter os vinhos no mercado a bons preços. Na verdade, os vinhos de JPR são sempre muito bem feitos e valem bem o preço a que são vendidos. 


  • Marquês de Borba branco 2017 - Fino, elegante e correto, com tudo no sítio, é um branco que se bebe muito bem e até dá para guardar umas garrafas um par de anos para ir bebendo prazeirosamente. É um dos bons brancos do Alentejo, fresco e pronto para acompanhar umas entradas ou até um prato de peixe com alguma complexidade;
  • Vila Santa Reserva 2015 - Gosto muito deste vinho, mas em colheitas anteriores parecia sempre quase demasiado elegante. Este 2015 está cojonudo, vibrante e a pedir para ser bebido e guardado. É um vinho que nunca desilude;
  • Conde de Vimioso Reserva 2012 - É o topo de gama da Falua e precisa de algum tempo para se mostrar. Complexo nos aromas, pede comida. Com pouco mais de cinco anos após a colheita, está muito porreiro. 
(vinhos servidos num almoço, o Marquês de Borba foi enviado pelo produtor)

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Márcio Lopes, o Vinho, o Minho e Tudo Mais


Conheço o Márcio Lopes há uns anos e tenho o grato privilégio de provar alguns vinhos antes de saírem para o mercado. Inquieto, irrequieto, faz grandes vinhos verdes... 

O Verdes em itálico é para quem ainda acha que os verdes são verdes e há maduros (seria todo um outro mundo). Quem não tem palas sabe que é no Minho que se fazem dos melhores brancos deste Tugal.



Num almoço descontraído, provei os vinhos de 2017, os clássicos Alvarinho e Trajadura, o Loureiro e o Alvarinho. O AT está em grande nível, o Loureiro dá dez a zero ao de 2016, o Alvarinho está muito bom. A cereja no topo do bolo foi o Ensaios Soltos 2016, um Alvarinho feito com o Fernando Moura numa edição limitada a 300 garrafas.

Pequenos Rebentos a dar uma bela prova. Em breve teremos um tinto (já provei, muito porreiro) e os "topos", como o Loureiro Vinhas Velhas (uma pérola) e mais alguns. É a inquieta inquietude do Márcio que nos dá um Minho a provar...









sexta-feira, 9 de março de 2018

Kopke Reserva, os Vinhos da Mesa - Branco 2016 e Tinto 2015


A marca Kopke tem quase 400 anos e é mais conhecida pelos Portos. Integra o Grupo Sogevinus. No entanto, há alguns anos que faz vinhos não fortificados (ou de mesa, como preferirem) e lançou recentemente para o mercado dois vinhos Reserva.


Um branco de 2016 e um tinto de 2015. Ambos com um perfil clássico dos vinhos do Douro, sem arriscar. O branco tem algum corpo que a frescura e acidez compensam, mas é daqueles vinhos que pede comida boa, como este polvo no forno. O tinto é muito fresco e embora ainda muito jovem dá boa prova. Tem boa aptidão gastronómica, porreiro para acompanhar carnes no forno ou estufados. São escolhas seguras, ao preço.


(vinhos enviados pelo Produtor)