quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Bolo de Creme com Massa Filo

Há algum tempo tinha visto (aqui) uma proposta que me pareceu interessante para um doce envolvido em massa filo. Nem hesitei e experimentei acriticamente... estava a fazer o creme de leite e comecei a achar o creme algo estranho - aquilo era farinha e leite a mais - mas mesmo assim fiz o bolo que até ficou com bom aspecto, mas achei que podia melhorar sendo simplificado.

A modos que é para dizer isto: A massa filo até é interessante e para produto comercial está aprovada (usei uma francesa, que comprei no continente, acho). Recheada com doce de ovos aka ovos moles dá para fazer uns primos dos Pastéis de Tentúgal porreiros.



Este foi feito assim:

Comecei por fazer o recheio de ovos. Fiz uma calda com 300 gramas de açúcar e um decilitro de água e deixei ferver até atingir o ponto de espadana (aka 117º C ou 40º Baumé); deixei arrefecer e juntei 8 gemas de ovo, preciamente misturadas. Levei outra vez a lume brando e deixei a mistura ficar mais consistente. Reservei. Peguei numa embalagem de massa filo e pincelei as folhas com manteiga derretida; sobrepus 4 folhas, deitei o doce de ovos e mais quatro folhas; fechei e levei ao forno a 200º C. Quando a massa estava loura, retirei do forno.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Post 500



27 meses mais coisa menos coisa, atingiu-se o post nº 500 por aqui...

Quinta do Soalheiro Reserva 2007 e Polvo no Forno

Depois de ter provado os Soalheiros "normais" e os "primeiras vinhas" de 2007 e 2008, chegou a hora de provar o "topo" da Quinta do Soalheiro, o Reserva 2007. Para este Alvarinho, sem dúvida um dos brancos de referência em Portugal, escolhi um prato simples, mas que, penso, pode ligar bem com este vinho.
Efectivamente, a simplicidade de preparação de um polvo que se coze (em pouca água e com uma cebola) e de umas batatas que se assam, acabando-se o prato no forno, com abundante azeite e alho picado, podendo levar broa, grelos ou, neste caso feijão verde tornam esta preparação de polvo excelente para acompanhar o Soalheiro.



O Soalheiro Reserva, é, como se disse acima, o topo da Quinta do Soalheiro:

"As uvas produzidas de forma biológica são colhidas manualmente em caixas de pequena capacidade e transportadas para a adega num curto espaço de tempo. Após a prensagem da uva inteira, o mosto obtido decantou durante 48 horas a temperatura baixa. A fermentação e estágio decorreu em Casco de Carvalho Francês (barricas novas e usadas), tendo permanecido nas borras finas com batonnage periódica até final de Agosto 2008." (tio pepe)

"O Reserva mostra um aroma extremamente rico, intenso e personalizado, bastante mineral e citrino, com muito ligeiro toque de fruto tropical. A madeira está discreta e sabiamente utilizada, servindo para dar complexidade à fruta e aumentar a untuosidade e textura. O resultado é inebriante: um branco vigoroso, com fruta deliciosa, finíssima acidez citrina e sabores minerais e de especiarias no muito longo final. Se puder, não perca a oportunidade de adquirir uma ou duas garrafas magnum: a evolução positiva é garantida." (apreciação RV)

Creio que apenas tinha provado este vinho uma ou duas vezes; desta vez, com tempo e comida, o vinho apareceu todo ele quase excessivo. Bebe-lo era quase como rodar um caleidoscópio, ora aparecia a fruta, ora a madeira, às vezes algum álcool. De qualquer forma a sensação quase omnipresente era a do "peso", como se o vinho estivesse uns graus acima da temperatura correcta. Problema meu? Seguramente. Da garrafa? Talvez. Do tempo que leva em garrafa? Se calhar, pode estar a passar uma fase "parva". A esperar...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Porco em Chanfana e Abóbora em Polenta com Vinha Othon 2006

Porco em chanfana porque a chanfana é feita com carne de cabra velha. Claro que a preparação pode ser feita com ovelha velha ou com borrego, mas não tem comparação. Pode "adaptar-se" ao porco, mas isso não é chanfana, o que em nada diminui o mérito da preparação que apenas apelido de "chanfana", por simplificação. Tal como a chanfana é feita em pucaro de barro preto, onde se deita cebola, alho, um pouco de banha de porco, vinho tinto, louro, sal e pimenta, cravinho e cominhos e perna de porco em pedaços grandes. Vai ao forno a cerca de 200º C. Para acompanhar, em vez das tradicionais batatas cozidas - fundamentais, na chanfana, para "diluir" a gordura da cabra - optei por cozer abóbora. Depois da abóbora cozer escorri a água, juntei um fio de azeite e um dente de alho esmagado e farinha de milho e mexi até a farinha cozer e obter um creme. Servi assim:



Para esta bela preparação de porco, escolhi um emergente monstro sagrado do Dão, o Vinha Othon, do Dr. Canto Moniz - Feito em Silgueiros, Viseu com uvas das vinhas mais velhas de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen. Estagiou posteriormente em barrica durante 14 meses. É proposto a cerca de € 15, o que o torna numa das melhores relações qualidade/preço do mercado. Nota pessoal: 17,5.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Filetes de Pescada com Arroz da Mesma

Às vezes apetece-me preparar pratos com sabores para o uni-direccional; foi este o caso. Tinha comprado uma pescada fresca com um belo aspecto e pedi à peixeira para a arranjar, aproveitando os lombos; fiquei com quatro lombos e uma cabeça. Temperei os lombos com um pouco de sal marinho, passei por farinha triga e ovo e fritei em óleo bem quente. Deitei a cabeça da pescada num tacho com água e sal e cozi-a. Noutro tacho deitei azeite e salteei arroz carolino; juntei a água de cozer a pescada e deixei cozer o arroz. Uma bela refeição feita apenas com sete ingredientes; Less is more...

Costeletas de Porco no Tacho

Não gosto especialmente de costeletas do lombo de porco; a tendência de ficarem secas leva-me a preferir as do cachaço, muito mais sápidas. Contudo, resolvi preparar estas, que ficaram excelentes.
Deixei-as a marinar em alho e vinho branco durante 24 horas. Num tacho, deitei um pouco de banha de porco, cebola e pimento; deixei a cebola ficar macia e juntei as costeletas e o líquido da marinada (a cobrir as costeletas). Temperei com sal, pimenta e malagueta. Deixei em lume baixo até as costeletas estarem macias, mas sem se desfazerem. Reservei as costeletas e passei o molho com a varinha. Servi com um puré de batata ligado apenas com manteiga.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Creme de Chocolate

Esta é a minha interpretação da mousse de chocolate, que sem o ser (mousse) é uma das minhas sobremesas favoritas. Derreti uma barra de chocolate Lindt 70% cacau (200gr) em banho maria. Numa tigela, bati 6 colheres de sopa de açúcar e 100 gr de manteiga. Quando tinha uma mistura homogenea juntei, um a um, quatro ovos, batendo sempre; juntei ao chocolate e bati bem até ter um creme. Levei ao frigorífico.

Esta é a base de uma receita de mousse de chocolate, com as seguintes diferenças:

_a mousse leva seis ovos;
_na mousse, juntam-se apenas as gemas e batem-se as claras em castelo, que se incorporam no fim à mistura.




Este creme de chocolate, para além de ter um sabor excelente, tem uma textura fantástica. Para saborear cada colher...

Filetes de Atum em Juliana de Alface e Fritos de Arroz

Os filetes de Atum em azeite da Propeixe são dos meus preferidos. Estes foram escorridos e servidos sobre juliana de alface (temperada com flor de sal e azeite) e foram acompanhados com uns bolinhos feitos com sobras de arroz branco, cebola picada e ovo e fritos em óleo quente; juntei ainda tomate cereja laminado e azeitonas. Simples e de belo efeito. Quem diria que, no essêncial é arroz com atum?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pataniscas de Bacalhau e Quinta das Maias Malvasia Fina 2008

Em relação às pataniscas de bacalhau, já tinha postado aqui.

De qualquer modo, faço-as assim, sem grandes dramas:

Demolho postas de bacalhau (com a pele para cima) e limpo de pele e espinhas; desfaço em lascas pequenas. Faço um polme com farinha e ovos, junto um pouco de leite, cebola picada e salsa; junto o bacalhau e levo a fritar em óleo bem quente. Ficam crocantes por fora e húmidas por dentro.



Estas foram feitas para um vinho da Quinta das Maias, o Malvasia fina 2008. Comprado na Feira de Vinhos de Nelas, é um dos bons Malvasias do Dão. Nota pessoal: 16.

Lombinhos de Porco Grelhados e Burmester Reserva 2006

Mais uma proposta sem história, ou melhor, com uma pequena história. Tinha comprado lombinhos de porco sem ter nenhuma preparação previamente definida. Decidi que os ia grelhar, sem mais. Cortei os lombinhos a meio, longitudinalmente, deitei-os na grelha (no carvão ficam muito melhores mas não pode ser) e temperei com sal. Entretanto, deixei batatas pequenas a assar na cloche aka patusca e depois das batatas assarem dei-lhes um murro e juntei azeite aromatizado em lume brando com alho.

Nada a dizer, é a verdade dos sabores; o lombinho com aquelas fibras macias e suculentas, grelhado no ponto certo e as batatas com os aromas do bom azeite de Foz Côa e do alho. Como dizia o Mestre Ludwig Mies Van der Rohe, Less is More (menos é mais). Acredito que muita gente ache que Less is Bore (menos é chato), mas é apenas mais um sentido do Gosto.



Para acompanhar este prato, aquele que vem sendo um dos meus vinhos favoritos do dia a dia. Com efeito, o Burmester Reserva 2006 é muito bem feito, equilibrado, com uma bela aptidão gastronómica aka wine pairing, o que, aliado a um preço cordato, o tornem um belo companheiro para muitos pratos. Nota pessoal: 16,5.

Alheira de Caça e Bafarela Reserva 2006

Sobre as alheiras de caça nem há muito a dizer; não sendo de caça, o que se paga a mais em relação às normais acaba por valer a pena pela quantidade de carne (frango e coelho) e pela textura e sabor. Na impossibilidade de dispor de alheiras "caseiras" (o que é treta, podem ser feitas em casa e ser mal feitas) as alheiras industriais já vão sendo de qualidade muito razoável. Entre as das charcutarias top e as que se encontram nos supermercados as diferenças já não são muito grandes. Não me alongo sobre este hábito de retirar a pele à alheira, apenas assumo que é completamente contra a tradição transmontana de grelhar a alheira na brasa ou de a fritar numa frigideira sem gordura e que será uma versão criada pela restauração para apresentar a alheira inteira e não semi-desfeita. Esta levou uma incisão longitudinal pelo exterior da pele e fritou em óleo quente. Foi servida sobre cama de couve branca (pois, sem os belos dos grelos cozidos) e com batatas fritas.



E um Bafarela Reserva 2006 a acompanhar. Completamente diferente do "seu" irmão de 17º, aparece cordato e de fácil prova. Feito na Pesqueira com 40% de Tinta Roriz, 20% de Tinta Amarela, 20% de Touriga Franca, 15% de Tinta Barroca e 5% de Touriga Nacional, fez um estágio de 18 meses em madeira de 2º ano. Com 13,5º de álcool e a madeira bem integrados pelo corpo, com os taninos redondos e final médio. Não deslumbra, mas não desaponta. Nota pessoal: 15,5.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Bimby na Cozinha Regional Portuguesa



Este é um livro que eu “quase” li… e uma nova contribuição para a Academia dos Livros.

“A Bimby na Cozinha Regional Portuguesa”, edição da Worwerk.
Fiz o download da publicação em PDF (147 páginas - cerca de 33Mb) que começa com uma introdução da directora comercial da Worwerk Portugal, um índice que apresenta 55 receitas e textos do Chef Albano Lorenço e do Rui Falcão. Depois das receitas (e cada receita tem uma proposta de vinho para acompanhar) tem uma ficha técnica que refere que a 1ª edição é de Outubro de 2008 e ainda que é interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios. Esta parte não percebi, ou melhor, acho que percebi, porque a edição em papel custava € 30,00 (o que dá cerca de € 0,55 por receita, quase o preço de um café – a mim saiu por menos de um euro, ligação à net, electricidade e uma água incluídas) e ainda tiveram que pagar às pessoas.

Com efeito, quase nada me move contra a “bimby”, tirando (e não é pouco) o facto de reduzir o acto apaixonado de cozinhar a um mero conjunto de “operações” que passam por “ler receitas”, pesar ingredientes, regular o termostato, programar o programa (é mesmo para ser um pleonasmo), rezar para que a máquina (com duplo sentido) não se engane e desfaça a comida, lavar a máquina, lavar a máquina, não lavar a máquina, acabar a comida no forno…

Na verdade, a bimby pode ser um auxiliar interessante na cozinha, mas não é a cozinheira.

Quando li o texto de introdução da Isabel Padinha, retive isto:

“Verificará, com prazer, que pela simplicidade de processos que as novas tecnologias nos oferecem, é fácil recuperar a tradição e trazê-la para a mesa do nosso dia a dia. Sentirá, ao passear por este livro, que a bimby vale a pena e que quem a conhece embarca numa viagem sem retorno.”

Não percebi se o discurso se destina a vender a maquineta, porque se presume que o livro se destina a quem já comprou, mas enfim…

Os textos seguintes, do Albano Lourenço e do Rui Falcão dizem pouco mais que isto:

“Ok, levem lá o texto, ponham os nossos nomes para credibilizar isto e passem o cheque..."

Quanto às receitas, não se pode dizer que tenha havido um trabalho cuidado por parte de quem fez o livro; não se percebe bem porque se escolhe a receita A em detrimento da B. Ainda assim, em relação a algumas receitas, tive o cuidado de as comparar com os “originais” e algumas até convencem.

O que não convence é apresentar o Bacalhau à Zé do Pipo como sendo da Beira Alta, mesmo que se refira em nota que faz parte do Receituário do Porto… Vou ali ao GoogleMaps e já volto, mas antes deixo a receita transcrita, embora seja proibido.





Não será a melhor coisa para cozinhar, mas faz umas t - shirt' s fantásticas...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Jardineira de Toiro Bravo e Casaleiro Syrah Reserva 2006

Já tinha visto carne de toiro bravo à venda no Jumbo e depois de ter visto este post da Isabel sobre os bifes, resolvi experimentar. A "jardineira de toiro bravo" está já cortada em pedaços (a embalagem não diz de que parte do toiro é a carne e tem um link para o site do produtor que não funciona), embalada a vácuo e apresentada dentro duma caixa de cartão em doses de meio quilo - esta estava com 60% de desconto, ou seja, a € 3,98 o quilo, o que é para aproveitar.

Bem, fiz uma normal jardineira; deixei a carne descongelar e estufei-a com azeite, alho, cebola, tomate, chouriço e vinho branco. Juntei batatas, cenouras e ervilhas, malagueta e um toque de pimenta e servi. Confesso que gostei da carne, sem a achar nada de extraordinário, mas por este preço não se pode ser exigente. Fica a experiência...



E para wine pairing, este Casaleiro Syrah Reserva de 2006. Aparentemente já passou o tempo de associar esta marca a vinhos que nem para cozinhar serviam e se a edição de 2005 já tinha dado boa conta de si, este também não é nada mau. Proposto a pouco mais de € 5,00, tem uns robustos 14,5º de álcool e o tempo que leva de garrafa já amansou alguns excessos de juventude, mantendo ainda assim o seu caracter algo rústico; mas para uma jardineira de toiro foi bela companhia. Nota pessoal: 15,5.

domingo, 20 de setembro de 2009

Guisado de Galinha by Mom

Este é um dos pratos mais deliciosos que a minha mãe faz. Numa panela de pressão mais velha que eu, ela faz uma base de azeite e cebola e junta frango cortado em pedaços que deixa alourar. Junta sal, louro, colorau e pimenta, batatas cortadas em pedaços (às vezes ervilhas ou feijão verde), água a cobrir, fecha a panela e deixa cozer 40 minutos depois da valvula começar a rodar. Formula quase infalível (a unica surpresa pode vir das batatas que às vezes absorvem mais água que o desejável, deixando pouco molho) e uma delícia...

Cozido Tuga e Syrah do Sr. Jorgensen

A passada quarta-feira amanheceu com um ar assim a modos que para o semi-escarúnfio (nublado) o que me levou a reservar um vinho tinto no frio... Olhei para as coisas que tinha na garrafeira e escolhi o improvável Syrah Cortes de Cima 2004 para saudar o regresso do tempo fresco. Improvável pelos 14º de álcool, a pedir maior invernia para ser consumido. Ainda assim, ficou a refrigerar, sem eu ter sequer pensado com o que iria acompanhar. Uns aguaceiros durante a tarde ajudaram a escolher o jantar... Um cozido de carnes era boa ideia. Não um daqueles cozidos supimpas, dito "à Portuguesa" feitos com:

_chouriço, chouriço de sangue, morcela, farinheira e demais enchidos que apeteçam
_presunto, pé, rabo, orelha, ossos da espinha e entremeada de porco (salgados e demolhados)
_galinha
_entrecosto/costela de vaca

_batata, cebola, cenoura, nabo, couves (portuguesa, coração, branca), grão

e um arroz feito com o caldo de cozer as carnes (e terminado no forno, de preferência).

Efectivamente, o Cozido é um prato fantástico. Com algumas variações de região para região, mas sempre delicioso, desde que feito com bons ingredientes. Curiosamente é um prato que (e bem) resiste a tudo, desde a patetice de o tentar fazer nas bimby's (não cabe e ponto final) até a algumas inovações de ingénuos "chef' s" de cozinha.

Este foi um muito singelo cozido, feito apenas com farinheira, chouriço, morcela, orelha e entrecosto de porco (frescos... ficam a milhas da carne deixada uns dias em sal e posteriormente demolhada) e batata, nabo, cenoura e couve branca. E sem o belo do arroz a acompanhar. Ainda assim, não ficou mal para acompanhar o Syrah do Sr. Jorgensen...



Feito na Herdade Cortes de Cima, Vidigueira pelo Sr. Hans Christian Jorgensen, este vinho está inserido na gama média da casa, juntamente com o Cortes de Cima e o Aragonez (pvp - 10/12 €) acima do Chaminé (5/6 €) e abaixo do Reserva, Touriga ou Incógnito (50/60 €). Muito bem feito, com madeira e taninos no sítio, corpo a aguentar o álcool, muito guloso e aveludado... Foi decantado e servido a 16º C, dando um grande prazer na prova e no acompanhamento da comida. Grande aptidão gastronómica. Nota pessoal: 16,5.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Bacalhau Cozido com Vinha Formal 2007

A minha variante do bacalhau cozido com todos... Antes de mais o bacalhau. De preferência do Norte Atlantico da Europa (pois e tal, tadinhos dos bichinhos estão em extinção, mas não é igual ao do Pacífico, por isso é mesmo com este) e demolhado com a pele para cima (ir mudando a água e ir provando e tal). Escalfar lombos durante cerca de dois a três minutos com a pele para baixo (não precisa de ficar meia hora ao lume); à parte cozer batatas inteiras com a pele (que depois se descascam e cortam em fatias) e os "todos" aka legumes que se quiser... Cenoura, nabo, couves de todas, grão (pessoalmente gosto deste bacalhau apenas com couve branca, mas isto não é nada canónico, por isso este é um daqueles pratos em que se pode deitar meia secção de legumes do supermercado no tacho). Cozer os legumes ao vapor é uma boa opção. Cozer ovos (também aqui, o tempo de cozedura varia, se preferir a gema quase líquida, três a quatro minutos chegam) e descascar sob água fria corrente depois de arrefecerem um pouco. Para servir gosto de laminar alho e deitar no fundo do prato, deitar o bacalhau, os legumes e o ovo que tempero com um pouco de flor de sal e pimenta moída. Acho que não precisa de mais nada.



Este prato foi feito para acompanhar um vinho muito pouco consensual. O Vinha Formal 2007, do Eng. Luís Pato - feito a partir de uvas da casta Bical para aguentar anos e anos em garrafa. Já tinha provado este vinho a solo e achei-o algo "pesado", difícil e havia alguma expectativa em relação a esta harmonização. Só para dizer que resultou muito bem, com a comida a estabelecer uma boa relação com o vinho... Para guardar e voltar a provar daqui a um(ns) ano(s). Pvp: cerca de € 16,00. Nota pessoal: 17.

sábado, 12 de setembro de 2009

Quiche de Frango e Quinta do Perdigão Rosé Touriga Nacional 2008

Quanto à quiche, nada de especial; feita com massa quebrada de compra e peitos de frango estufados em cebola e vinho branco. Deitei a massa na "quicheira", piquei com um garfo e levei ao forno pré-aquecido a 200º C até estar dourada. Reservei; desfiei os peitos de frango e aproveitei a cebola. Juntei dois ovos e deitei a mistura sobre a massa, finalizando com queijo parmesão ralado. Levei de novo ao forno a 200º C durante cerca de 25 minutos. Retirei, deixei amornar e servi.



Com este rosé da Quinta do Perdigão, sita em Silgueiros, perto de Viseu. Feito pelo Arq. José Perdigão a partir de uvas da casta touriga nacional. Com cor de "romã", surge com os aromas da casta, com boa frescura e sem o "rebuçado" que vem de brinde em alguns rosés. Este vinho funciona muito bem a solo, como aperitivo, mas aqui a acompanhar esta quiche, diria que brilhou. Com um preço de cerca de 5 Euros, é uma tentação. Nota pessoal: 16.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Entrecosto de Porco no Forno e Conceito Tinto 2007

Deixei um naco de entrecosto a marinar com vinho branco, alho, louro, pimenta, malagueta e sal durante umas 5 horas. Pré-aqueci o forno a 170 º C e deitei a carne e o líquido da marinada num tabuleiro de barro, juntei banha de porco e batatas pequenas descascadas e levei ao forno. Fui virando a carne e as batatas e fui regando com o molho que entretanto se formou.
Este prato foi a minha escolha para o Conceito Tinto 2007.



Este Conceito 2007 é feito pela Rita Ferreira a partir de uvas provenientes de vinhas com cerca de 50 anos de idade e de castas tradicionais do Douro (mais de 15 castas).
Muito elegante e equilibrado, apesar de neste momento estar algo marcado pela madeira. Está a sair para o mercado (PVP: cerca de €24). Nota pessoal: 17.

"Aroma com fruta azul e preta muito profunda e bem focada, nuances de especiarias e chocolate. Elegante e complexo. Na boca tem muita personalidade, está fino, com taninos vivos mas muito polidos, corpo redondo com boa textura. Final de bom comprimento, focado na fruta bem madura. Nada de excessos, tudo em equilíbrio". (in, RV)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

aka* Açorda de Polvo e Soalheiro Primeiras Vinhas 2008

Esta preparação aka* açorda de polvo foi feita assim:

Cozi um polvo em pouca água e quando já estava macio juntei sal e algumas folhas de couve portuguesa que deixei "escalfar".
Retirei do lume, coei e reservei a água da cozedura, cortei a couve em tiras finas e o polvo em pedaços pequenos. Num tacho de barro deitei alho esmagado e picado e azeite e deitei o polvo e pimento vermelho que deizei a confitar em lume brando. Entretanto, parti o pão em pedaços e deixei-o a demolhar na água da cozedura do polvo. Juntei o pão ao polvo e fui mexendo até a açorda estar homogénea. Juntei a couve, ovo na sua casca e levei ao forno a finalizar.

A base desta preparação são as migas de Bacalhau à moda de Lafões, mas aqui com polvo, o ovo e a finalização no forno. Para alêm de um pouco de sal marinho, não levou qualquer outro "tempero". Simplesmente porque não precisava, uma vez que o azeite e o alho confitado, juntamente com o pimento e a couve formam um conjunto de aromas e sabores completo, ao mesmo tempo que os ingredientes usados mantém a sua identidade. Esta preparação foi feita para o Soalheiro primeiras vinhas 2008 e baseada no que me lembrava da edição de 2007, uma vez que ainda não tinha provado o 2008.



Elegância e requinte, são as palavras que me ocorrem para adjectivar este belo Alvarinho. Menos exuberante que o seu irmão "normal", com um perfil mais austero que o 2007, mas a proporcionar bela prova. Pvp: € 16,00. Nota pessoal: 17,5.

"Sim, é verdade, há muito que o Soalheiro já se tinha afirmado como produtor de referência dos vinhos Alvarinho, dos vinhos de Monção e Melgaço. Sim, é verdade, o Soalheiro sempre foi um produtor pioneiro, o modelo que definia, e define, o futuro da região. O que mudou agora foi que o Soalheiro se converteu, não numa potência regional, mas sim num dos produtores mais conceituados e respeitados do país. Será mesmo, porventura, o produtor de vinhos brancos mais consistente e aclamado de Portugal, oferecendo os brancos mais excitantes do país. E este Primeiras Vinhas foi, seguramente, um dos principais responsáveis para essa mudança de percepção. Porque quando falamos do Primeiras Vinhas, falamos de um branco absolutamente excepcional, capaz de ombrear, sem razões para corar, com as melhores referências internacionais.
Chama-se Primeiras Vinhas porque provém das vinhas mais velhas, cepas com quase trinta anos, as primeiras a serem plantadas em Melgaço. Vinhas na idade da razão, capazes de proporcionar Alvarinhos precisos e cristalinos, puros nos aromas, impressionantemente límpidos e certeiros. Mas, apesar da relevância, a idade das vinhas não é motivo suficiente para explicar tamanha limpidez e energia. A enologia minimalista, os riscos de uma intervenção quase inexistente, bem como as práticas biológicas quase radicais, ajudam a justificar a potência contida e a incrível precisão aromática."
(daqui)



* - also known as.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

18ª Feira de Vinho do Dão - Nelas

Decorreu de 4 a 6 de Setembro, a 18ª Feira de Vinho do Dão, em Nelas (see more here). Ambiente sui generis, a cruzar uma festa popular com a presença dos produtores de referência do Dão... Mas, antes de chegar, uma vista das vinhas da Casa de Santar.



Aspectos da feira...





Os vinhos da Quinta dos Roques e Quinta das Maias...



O Sr. Peter Viktor Eckert, da Quinta das Marias...



Show-Cooking, com a equipa do Chefe Chakall...



Teve lugar ainda, no Auditório Municipal, a apresentação do livro "Sabores que os vinhos Dão", edição da Câmara Municipal e da Confraria dos Enófilos do Dão coordenada pelo Chefe Hélio Loureiro. Uma publicação muito interessante que cruza o receituário tradicional da região com os vinhos. A apresentação foi feita pelo João Paulo Gouveia, o Grão Mestre da Confraria e pela Senhora Presidente da Câmara.



Na volta ainda deu para passar em Santar, no Paço dos Cunhas de Santar e na emblemática Casa de Santar.




De louvar a atitude dos produtores que para além da sua presença e disponibilidade ainda levaram alguns dos seus melhores vinhos para prova (à excepção da Dão Sul, que só levou as gamas médias). Também foi fixe ter conhecido pessoalmente o Raúl Carvalho, que com o seu irmão gémeo Joel, são os mentores do blog Do nariz à Boca. O Raúl neste momento é colaborador do Sr. Peter Eckert, na Quinta das Marias. Não deu para falar grande coisa, porque ele ia participar numa prova com o Escanção Manuel Moreira, mas fica um abraço para os "Manos" Carvalho.

sábado, 5 de setembro de 2009

Bacalhau do Lagar ou em Três Tempos e Quinta do Ameal Loureiro 2008

Chamo 3 tempos a esta variante do bacalhau do lagar, ou à Lagareiro, porque é feito assim:

1º tempo - grelhar o bacalhau em postas na brasa, assar batatas pequenas com pele, cozer couve Portuguesa e partir broa em pedaços pequenos.

2º tempo - partir o bacalhau em postas mais pequenas e deitar num tabuleiro; juntar as batatas, a couve e a broa e regar tudo com azeite e alho picado. Levar ao forno.

3º tempo - já no prato, abrir as batatas e envolver no azeite.



Para acompanhar um Quinta do Ameal Loureiro 2008, feito em Refóios do Lima, Ponte de Lima. Um Clássico da Região dos vinhos Verdes, com apenas 11,5º de álcool, frutado, fresco, bela wine pairing para este bacalhau. Por cerca de 6 Euros, vale muito bem a compra. Nota pessoal: 16,5.

Biscoitos de Chocolate



Simples e fáceis, como todos os pouquíssimos doces que ponho aqui. Deitar cerca de 100 gramas de manteiga e 200 gramas de açúcar numa tigela e amassar com as mãos. Juntar dois ovos e bater até obter um creme claro; juntar cerca de 100 gramas de cacau em pó. Pré-aquecer o forno a 180º C. Num tabuleiro, deitar uma folha de papel vegetal e por cima, a massa às colheradas; levar ao forno durante cerca de 12 minutos. That' s it...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Lombo de Porco com Molho de Laranja e Quinta das Baceladas 2001

Este lombo nem tem grande história, mas não deixa de ser uma forma interessante de preparar esta peça do porco... Barrei a carne com um pouco de banha de porco, alho e sal e reservei; num tabuleiro, deitei vinho branco, sumo e vidrado da casca de laranja, pimenta e malagueta e levei ao forno com a carne, a 170º C. Fui regando a carne com o molho que se foi formando e virei a carne a meio da cozedura. Servi com esparguete passado por manteiga e uma salada de alface.



Quinta das Baceladas 2001. Das Caves Aliança, feito com Cabernet Sauvignon, Merlot e Baga. PVP: cerca de € 10,00. Muito agradável, com o duo cabernet/merlot a casar bem com a baga. Complexo, com os taninos domados, mas a aceitar mais tempo de cave... Pela qualidade e muito pelo preço, vale a pena a prova/degustação. Nota pessoal: 16,5.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Frango de Churrasco e Reguengos Reserva Branco 2008

Admito que o frango de churrasco possa ser comida a peso ou base de uma deliciosa refeição ou ainda tema de uma enorme discussão. Por um lado, a base (uns frangos de aviário que não servem para fazer mais nada) por outro a execução, desde a versão marinada que a Elvira propõe à mais ascética do Luís, onde o que importa é o fogo e o tempo, temos de tudo. Confesso que detesto comer frango de churrasco nas churrasqueiras, não pelo frango, mas pelas batatas fritas manhosas e o omnipresente arroz e as saladas mistas, muitas vezes de fugir... Curiosamente, em muitos sítios, o frango é bem temperado, bem assado, e pasme-se, saboroso. Daí que às vezes não me chateia nada comprar um frango de churrasco para comer em casa (apenas me irrita o facto de o frango depois de embalado ficar com a pele mole, do contacto com o molho) preparando eu o acompanhamento - as quase incontornáveis batatas fritas...



e uma salada, feita com tomate cereja, pepino e cebolinho e temperada apenas com flor de sal e azeite.



e o Reguengos Reserva Branco 2008 - nestas coisas de frango de churrasco, nem é fácil definir uma boa wine-pairing (é mais cerveja gelada powa rullaz) e este já estava no frigorífico a pedir para ser provado - feito com Antão Vaz e Arinto e proposto a € 3,99, parte do vinho estagiou em madeira. É interessante, fresco, com uma relação qualidade preço muito boa, mas sem deslumbrar. Nota pessoal 15,5.