sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quinta da Covada Tinto 2009 | Arroz de Galinha no Forno

Nestes 89.000 quilómetros quadrados que restaram do Império, muito se foi perdendo e não foi só nos idos de 1974 e seguintes. Terá sido em 1985/6 quando virámos as costas à nossa vocação Atlântica e nos virámos para a CEE, como se a Europa nos pudesse dar alguma coisa. Um quarto de século foi suficiente para destroçar as incipientes indústrias, agriculturas e pescas do antigo regime, que foram bem pagas para desaparecerem.
A nova ordem da distribuição alimentar mudou, o comércio tradicional quase desapareceu, absorvido pelas grandes superfícies que foram aparecendo sem regras, nem rei, nem roque.
O Portugal, pequeno e periférico que até tinha piada como destino turístico para alemães e finlandeses (e demais europeus de primeira) foi largamente financiado. Emprestaram-se milhões e milhões de milhões, de ECUS e depois de EUROS para tudo e mais alguma coisa, como auto-estradas e demais infraestruturas. E tudo parecia correr bem, até o rectângulo ter gasto todo o dinheiro. Pavilhões desportivos, piscinas, museus, teatros, bibliotecas e rotundas, muitas...

E a agricultura a definhar. Talvez se tenham salvo dois produtos, desta razia dos subsídios para não produzir: o vinho e o azeite. E o vinho está muito formatado, a pedido dos gestores das grandes superfícies que precisam de assegurar quantidade para abastecer todos os pontos de venda e uma qualidade que agrade ao cliente-tipo. Do azeite, está cada vez melhor, valha-nos isso (e não será de estranhar que no além-tejo os nuestros hermanos já o produzem aos milhões de litros).

Mas nem todo o vinho é formatado e ali para os lados de Tabuaço há uma Quinta, a da Covada, que tem um jovem Enólogo, o João Lopes Pinto que gosta de fazer o vinho do seu gosto, com as vinhas de que dispõe. E para além de dois belos "reservas", o de 2007 e o de 2008, o Desnível e um varietal de Touriga Nacional, lançou um colheita de 2009, feito com uvas provenientes de duas vinhas, uma com 40 anos e outra com 17 e com cepas de Touriga Nacional, Tinto Cão, Tinta Amarela, Tinta Barroca e Rufete. Parte do vinho estagia em madeira e o resultado é um vinho pouco marcado pela madeira, com boa fruta e aromas de mato, fresco, genuíno duriense. Ao preço (pouco mais de 3 euros) é uma bela surpresa. É pena quase não se encontrar à venda (esta garrafa foi gentilmente oferecida pelo produtor).      

Para acompanhar este vinho, resolvi ensaiar um arroz de galinha, feito quase como o nosso arroz de pato no forno. Cozi uma galinha numa panela com água, sal, um toco de chouriço, uma cebola, uma folha de louro e um pouco de pimenta preta moída. Quando a galinha estava cozida, limpei-a de peles e ossos e desfiei a carne grosseiramente. Num tacho, deitei um fundo de azeite, cebola picada, alho esmagado e deixei em lume médio até a cebola ficar translúcida. Juntei um pouco de polpa de tomate e deixei mais uns minutos. Acrescentei a galinha, um pouco de vinho tinto e deixei a estufar em lume brando. Juntei arroz carolino e água a ferver (3 partes de água para uma de arroz) e deixei o arroz ficar meio cozido. Passei o conteúdo do tacho para um tabuleiro de barro e guarneci com o chouriço em rodelas. Levei ao forno pré aquecido a 210º C para deixar o arroz acabar de cozer e servi, com uma salada verde à parte. 

3 comentários:

  1. Interessante esta variação de arroz de pato (aqui galinha) com um toque de tomate cujo resultado não imagino mas que assim, de palpite, até é capaz de ficar bem bom.

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  2. Belo arroz, com a senhora mãe do frango, que já tenho usado como substituto do pato...
    O que nunca juntei mesmo foi a polpa de tomate que, pelo menos, deixou uma bela corzinha...
    Bom Domingo e beijinhos...

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  3. eu prefiro emsmo esta versao ao tipco arroz de pato. este excelente!!!

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