segunda-feira, 29 de abril de 2013

Marquês de Borba Branco 2012 e uma Putanesca

Vinho AAVV, ou seja Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Viognier a fazerem um vinho com uns muito sensatos 12,5º de álcool, com entrada no nariz algo vegetal (rama de tomate, leve espargo) a evoluir para citrinos e com alguns toques de frutos tropicais. Acidez média, alguma frescura, está um vinho muito bem feito a equilibrar o quente Alentejo de Estremoz com o que os consumidores esperam, no fundo vinhos alentejanos com alguma frescura. E este está lá. Um branco do Eng. João Portugal Ramos, ali entre o Lóios que custa três euros e é bom e o Vila Santa que custa dez euros e é muito bom, será sempre uma compra segura (pvp recomendado: € 4,99).



Acompanhei o vinho com uma putanesca de esparguete, feita quasi como o Luís aqui a relatou. Anchovas, alcaparras, azeitonas, malagueta, tomate, com a ventresca de atum a enriquecer...



O vinho esteve muito bem a acompanhar este prato de sabores intensos. 

(vinho enviado pelo produtor)


Senses by Adega de Borba: Touriga Nacional e Syrah 2011

Depois de ter provado os vinhos branco, tinto e rosé da gama de três euros, abalancei-me aos Senses, Touriga Nacional e Syrah, ambos de 2011. São vinhos com um PVP recomendado de seis euros e meio (um eurito mais do que o Adega de Borba Premium, de que eu gosto muito).


Touriga Nacional no Alentejo, ainda por cima com 15º de álcool, assusta qualquer eno_chato. Podia ser um vinho madurão, cheio de álcool, como há alguns na região. Mas não. É violáceo na cor, cheio de boas notas de violetas e frutos pretos bem maduros a roçar a compota, alegre e complexo qb, a dar uma bela prova. Madeira apenas presente, largo na boca e com um belo final. Belo vinho, bom para beber agora e guardar umas garrafas para acompanhar a esperada boa evolução. 


Syrah, a casta que tão bem se dá nas terras alentejanas é aqui muito bem tratada. Especiarias, chocolate e o que mais a caracteriza, estão lá, mas tudo num registo calmo, sem grande calor, ou dito de outro modo, um belo vinho, com alguma austeridade, bom para a mesa.

São vinhos muito bem feitos, que espelham bem algumas das características das castas que os fazem. Gostei muito da forma como o TN aparece, fresco e complexo e também do S, mais calmo, a pedir tempo (vinhos enviados pelo produtor).


Os vinhos estiveram muito bem a acompanhar uma vitela assada no forno, como esta.

sábado, 27 de abril de 2013

Adega de Borba Branco 2012




Depois do rosé e do tinto, provei o branco da Adega de Borba. É feito com Antão Vaz, Roupeiro e Arinto. Equilibrado, bebe-se com prazer e é outra boa aposta ao preço (€ 2,99). Gostei desta gama de vinhos. São valores seguros e encontram-se em toda a parte. Esteve bem a solo e ainda acompanhou um empadão de bacalhau com grelos cozidos.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Kiwi Cheesecake




Nesta trilogia número cento e vinte e nove foi o Luís quem sugeriu o tema a mim e à Ana: antípodas. Achei que seria engraçado brincar com a cozinha dos nossos parceiros antipódicos (a Nova Zelândia, por simplificação) e foi a partir deste belo texto que fiz a minha preparação.

Em primeiro lugar, fartei-me de rir com a alcunha que os brasileiros deram aos neo-zelandezes: kiwis e em segundo com a brincadeira à volta da má comida deles.

Tinha que ter o kiwi e estar nos antípodas da comida desengraçada e ao mesmo tempo teria que ser algo muito novo mundo. Saiu um cheesecake muito tuga.


para a base:

150 gr de bolacha maria
80 gr de manteiga

para o intermédio:

1 pacote de natas (200 ml)
um requeijão de ovelha (250 gr)
100 gr de açúcar
3 ovos
um pouco de raspa de laranja (a gosto)

para a cobertura:

1 dl de água
100 gr de açúcar
2 kiwis

Comecei por triturar as bolachas na picadora. Juntei a manteiga e fui trabalhando com os dedos até obter uma massa homogénea. Untei o fundo duma forma de fundo amovível com manteiga e espalhei a massa até ficar bem espalhada.

Deitei as natas, o requeijão, os ovos e o açúcar numa tigela, adicionei um pouco de raspa de laranja e bati com a vara de arames até homogeneizar a mistura (uns cinco minutos são suficientes). Deitei a massa por cima da massa das bolachas e levei tudo ao forno pré-aquecido a 170º C. Deixei cerca de vinte minutos, protegi com filme de cozinha e deixei acabar de cozer (foram mais uns quinze minutos). Desliguei o forno mas deixei o bolo lá dentro durante mais um quarto de hora.

Entretanto, levei a água ao lume, num tacho, juntei o açúcar e deixei até fazer um ponto pouco puxado (o chamado ponto de cabelo).

Tirei o cheesecake do forno, cobri com os kiwis cortados em rodelas finas e finalizei com a calda de açúcar. 



domingo, 21 de abril de 2013

Adega de Borba Tinto 2011 e um Porco Estufado




Um tinto feito com Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet e que custa € 2,99 nas superfícies comerciais.  Foi um dos 16 vinhos abaixo dos três euros que levou 15 valores do painel da RV (em 43 provados) deste mês. Que no Alentejo se podem fazer bons vinhos a bons preços não é novidade e este é simples, mas guloso sem ser pesado. Boas notas de frutos vermelhos e pretos, taninos porreiros e muito equilíbrio aliado a alguma frescura fazem deste vinho uma compra segura. Gostei.



Acompanhei o vinho com um estufado de porco. Deixei uns pedaços da pá a marinar em vinho branco, alho e um pouco de massa de pimentão de um dia para o outro. Sequei a carne com papel de cozinha e alourei-a numa frigideira em azeite. Reservei a carne e piquei uma cebola para um tacho. Adicionei um bom fundo de azeite e deixei estrugir a cebola. Temperei com uma malagueta seca e mistura de pimentas. Juntei umas fatias de bacon, uma cenoura em rodelas e a carne. Envolvi, deixei uns minutos e juntei o líquido da marinada. Quando levantou fervura, juntei ervilhas conservadas e deixei estufar em lume brando cerca de 40 minutos. Servi com batatas cozidas a acompanhar.

(vinho enviado pelo produtor)



sábado, 20 de abril de 2013

Adega de Borba Rosé 2012 | Pudim de Pescada




Vinho proposto na chamada moderna distribuição a € 2,99, é feito com Aragonez e Syrah. Acabado de chegar ao mercado, tem boas notas de frutos vermelhos e alguma secura que não cansam. Porreiro para a esplanada e para acompanhar comidas leves, é uma opção mais que segura. Simples, mas bem feito, com um bom valor (vinho enviado pelo produtor)


Esteve muito bem a acompanhar um pudim de pescada feito assim:

2 ovos
100 ml de polpa de tomate
75 ml de natas
uma cebola pequena picada
um raminho de salsa e cebolinho picados
sal e pimenta preta qb
uma colher de sopa de farinha de trigo
uma posta de pescada

Comecei por cozer uma posta de pescada e limpei-a de peles e espinhas. Deitei os restantes ingredientes numa taça e bati com a vara de arames até obter uma mistura homogénea. Juntei a pescada, depois de a desfazer grosseiramente com os dedos. Envolvi tudo, deitei numa forma untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo e levei ao forno pré aquecido a 170º C durante 20 minutos coberto com filme metálico. Retirei o filme, deixei mais dez minutos e desliguei o forno. Fui vigiando até ter o interior firme, mas sem secar. Desenformei e servi com umas rodelas de tomate temperadas com flor de sal, um fio de azeite e um ar de orégãos secos, umas rodelas de limão, azeitonas pretas e maionese.



quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sobremesa de Laranja after António Nobre




António Nobre é o responsável pela cozinha do restaurante Degust' AR, em Évora e foi da sua desafiante cozinha que trouxe uma preparação desarmantemente simples para esta trilogia número 128, com a Ana e o Luís e dedicada à laranja e que pesquei aqui, no blog da Adriana Freire.

Peguei em duas boas laranjas, descasquei-as e cortei-as em rodelas para uma travessa. Deitei uma colher de sopa de mel e um bom fio de azeite para uma taça e bati com uma vara de arames até homogeneizar. Deitei essa mistura sobre as laranjas e deixei um bocado a marinar. Na hora de servir, polvilhei com canela.

A combinação mel/azeite acrescenta untuosidade e doçura à boa acidez da laranja e o toque final da canela funciona como uma cereja no topo de um bom bolo. Simples e muito bom :)



domingo, 14 de abril de 2013

Robalo no Forno | Dona Maria 2011




Um robalo de mar, feito no forno. Descasquei batatas e deixei-as cozer uns dez minutos. Num tabuleiro, deitei duas cebolas cortadas ao meio e depois fatiadas, três dentes de alho esmagados e laminados,  dois tomates em oitavos, um pimento verde pequeno em tiras, um pouco de polpa de tomate, um ar de pimenta preta e uma malagueta seca. Reguei com bom azeite e um pouco de vinho branco, juntei o robalo e as batatas e levei ao forno pré aquecido a 180º C (com a ventoinha desligada) cerca de um quarto de hora. Virei o peixe, deitei o molho da assadura por cima das batatas e voltei a levar ao forno mais um quarto de hora, que é o tempo que o peixe leva a ficar pronto no meu forno. E ficou bem no ponto, cozido e húmido, como se gosta.


Acompanhei com um Dona Maria 2011, de Julio Bastos, com enologia da Sandra Gonçalves. Branco de Estremoz, feito com Arinto, Viosinho e Antão Vaz. Um vinho com boa frescura e acidez e com corpo para aguentar este assado. Gostei muito do vinho. Ao preço (cerca de sete euros) é mais que recomendado. 



sábado, 13 de abril de 2013

Duorum 2011 e Carne de Vaca no Forno




Duorum é um projecto de João Portugal Ramos no Douro Superior. José Maria Soares Franco é o enólogo e João Perry Vidal o responsável pela vitivinicultura, na Quinta de Castelo Melhor. Tudo muito bem pensado desde o início, como seria de esperar, com os vinhos a serem muito bem recebidos pela crítica e a vitivinicultura a merecer o prémio do ano de 2012 da RV. Na gama de entrada, temos os Tons de Duorum, branco e tinto, com o Dourum Colheita a seguir, antes dos Reserva e Vintage.



Gosto muito do Duorum Colheita. A primeira edição foi a de 2007 e este 2011 vai na quinta edição deste que já é um clássico do Douro Superior. Disponível em garrafeiras e na grande distribuição, tem um PVP recomendado de € 9,99 (com sorte consegue-se a oito euritos). Deixei nota de prova do 2008 (aqui) e do 2009 (aqui), lembro-me de ter gostado muito do 2007 e de ter achado que o 2010, quando foi lançado (há cerca de um ano) estava ainda demasiado novo (terei que o voltar a provar em breve para ver como evoluiu). Este 2011 está muito bom para se beber assim em novo, embora me pareça que ficará melhor lá para depois do Verão. Ainda assim, está muito bom. Frutinha da preta bem boa, alguns toques florais, complexidade qb, madeira como se espera (pouca e boa, o vinho estagia em pipas de segundo e terceiro ano), taninos presentes mas domesticados e um longo final descrevem o vinho. Não é austero nem guloso, antes pelo contrário, o que lhe permite agradar a toda a gente que goste de vinho tinto. Por mim, vou comprar umas garrafas para lhe acompanhar a evolução (esta foi oferecida pelo produtor).


Este vinho acompanhou muito bem uma carne de vaca no forno, escolhida das partes de cozer, sem osso mas com algumas gorduras e que ficou a marinar de um dia para o outro numa pasta de alho, pimentas (branca, preta, vermelha, verde e de caiena), malagueta (a gosto), louro, azeite e vinho branco com o devido sal. Na altura da confecção, meti a carne e o liquido da marinada (reservei um pouco para as batatas) num púcaro de barro preto coberto com folha de alumínio e levei ao forno pré aquecido a 170º C durante uma hora e meia.

Descasquei batatas pequenas e deitei-as num tabuleiro. Juntei o líquido da marinada que tinha reservado, reguei com um fio de azeite e levei-as ao forno, juntas com a vaca do púcaro. Passado pouco mais do que uma hora e depois de ter virado as batatas e ter tirado a protecção ao púcaro para a carne dourar, o prato estava pronto. Carne bem macia, a desfazer-se, como se gosta :)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pizza de Desenrascanço




Trilogia número cento e vinte e sete, comigo a sugerir o tema à Ana e ao Luís: desenrascanço. E porque muitas vezes se fazem coisas porreiras com o que existe entre o frigorífico e a despensa, apresento uma pizza feita sem outro propósito que não fosse proporcionar um jantar rápido e saboroso. Uma base de pizza refrigerada (ou congelada ou massa de pão estendida) a que enrolei as bordas e que levei ao forno pré-aquecido a 250º C durante cinco minutos para pré cozer, por forma a não ficarem com o tomate a empapar a massa. Entretanto piquei tomates secos de conserva, cogumelos de paris e da lata, azeitonas descaroçadas do frasco e um pouco de paio. Tirei a massa do forno, juntei polpa de tomate e os restantes ingredientes. Salpiquei com um pouco de orégãos secos, cobri com queijo mozarella ralado e levei ao forno a 200º C até fundir o queijo.


Simples, rápido, barato e bom :)

domingo, 7 de abril de 2013

Quinta das Bágeiras Grande Reserva 2004




Colheita de 2004, lançada há uns meses no mercado, este grande reserva está situado em termos de preços (cerca de € 18,00 a garrafa), acima dos reserva e super reserva e abaixo do velha reserva. É, como todos os espumantes do produtor, um bruto natural, sem qualquer adição de açúcar e é feito com uvas de Bical e Maria Gomes. 

Numa prova recente (publicada em Dezembro de 2012), levou uns pouco recomendáveis 15 pontos do painel da revista de vinhos numa prova "ganha" pelo bairradino Kompassus Blanc de Noirs 2009 (com 17,5 pontos) que foi seguido pelos unânimes Vértice Cuvée 2009, Condessa de Santar 2009 e Murganheira Vintage 2005 (todos com 17 pontos) e pelos Raposeira Velha Reserva branco 2004, Montanha Real Super Reserva branco 2009, Aliança Vintage 2007 e Caves de São João 91 anos de História bruto zero 2007 (todos com 16,5 pontos). Transcrevo a nota de prova: Cor acentuada, aroma com notas evolutivas, algum mel, bem resinoso. Na boca mantém o perfil bem personalizado, tem muito corpo, mas falta alguma elegância, termina com algum tostado de evolução. 

E refiro aqui esta prova apenas porque não lhe vi resina. Falta alguma elegância, sim, mas a fantástica acidez e a forma como acompanhou a comida compensam largamente essa falta. E que comida?

Uma salada com alface, tomate, maçã e morangos regada com uma vinagreta feita com mel, vinagre de porto (pouco, apenas umas gotas), pimenta preta, sal e bom azeite, que acompanhou umas fatias de pão levemente torrado e umas lascas de terrina de pato com as chamadas ervas finas e um bloco de foie gras


O vinho é fantástico, complexo, fresco, ligou muito bem com este prato. E sem resina :)


sábado, 6 de abril de 2013

Dão Porta de Cavaleiros Reserva Touriga Nacional 2010 | Jardineira de Vitelão




Dão e Touriga Nacional é quase um pleonasmo quando se fala de vinhos. Quase, porque também há o Encruzado nos brancos. E onde o velho tourigo brilha é mesmo ali. Porque faz belos vinhos a solo, minerais, frescos e com boa aptidão gastronómica. E um dos maiores clássicos portugueses é este Porta dos Cavaleiros. Já foi um grande nos vinhos do passado, muito aclamado e agora é apenas mais um vinho. Mantém o rótulo em cortiça e custa pouco mais de cinco euros, mas dá uma excelente prova. Fruta preta madura sem ser compotada, um lindo lado floral pouco evidente mas presente, como se gosta e madeira que quase não se nota. Um vinho muito bem feito e que, ao preço é uma aposta mais que segura. Gostei muito do vinho que esteve muito bem a acompanhar uma chamada jardineira de vitelão.


Fundo de azeite no tacho, pedaços de vitelão e umas rodelas de chouriço a selar, uma cebola e uns dentes de alho grosseiramente picados e que foram acolitados com pimenta moída, uma folha de louro, estrugiram e foram acrescentados com cenoura em rodelas. Envolvi tudo em lume forte, juntei um pouco de polpa de tomate e deixei estufar uns minutos. Refresquei com um pouco de vinho branco, e deixei em lume brando uns bons quarenta minutos. Depois, juntei batatas descascadas e cortadas em pedaços e ervilhas conservadas e deixei mais uns vinte minutos em lume brando. Corrigi o ponto de sal e servi.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Salada de Feijão Frade e Pataniscas de Bacalhau

Nesta trilogia número cento e vinte e seis foi a vez do Luís cantar o tema a mim e à Ana e canta à cidade deles, Lisboa, a dos alfacinhas e dos estádios da segunda circular que tanto riso proporcionam a quem vive nas terras altas.


E foi sem alface que comecei com uma tradicional salada de feijão frade cozido e acolitado com cebola, ovo cozido e salsa, tudo picado, com um fio de bom azeite e umas gotas de vinagre de vinho branco a fazerem o molho e uma pitada de sal e um ar de pimenta preta a temperarem.


Juntei-lhes umas pataniscas feitas com bacalhau das partes finas levemente escalfado e limpo de peles e espinhas que esmaguei grosseiramente e envolvi num polme feito com um ovo, farinha qb, água de cozer o bacalhau, um pouco de alho em pó, mais cebola e salsa picadas, um ar de pimenta preta e que levei a fritar em óleo (uma colher de sopa de cada vez), virando até dourarem e que deitei sobre papel absorvente antes de servir.


Dois clássicos da cozinha da capital que fazem uma boa ligação, como se refere a pp 195-197 d' A Cozinha Tradicional Portuguesa de MLM e que eu comprovei, mesmo sem alfaces :)