segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Terras d' El Rei Branco 2008

Depois de ter falado no "teste" aos vinhos brancos do Alentejo, feito pela DECO e publicado na última Proteste, era natural que eu fosse avaliar da bondade desse teste e da mais valia para o consumidor. Tendo a Revista aconselhado o Pêra Manca 2007, o Selecção de Enófilos e o Terras d´El Rei, acabei por comprar este último. O Pêra Manca está a € 25,00 (e não me apetece mesmo comprar), o Selecção dos Enófilos a € 1,89 (mas só nos supermercados Intermarché e, mesmo assim não em todos) e o Terras d'El Rei que encontrei num Pingo Doce a € 1,19.

Um vinho da Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz (CARMIM) feito com uvas de Antão Vaz, Síria, Rabo de Ovelha e Perrum provenientes de parcelas de vinhas dos sócios da Cooperativa previamente definidas e com vindima manual. Na Adega, os cachos são desengaçados e as uvas esmagadas. Depois são adicionadas enzimas extrativas e as massas são arrefecidas até aos 10º C, repousando durante oito horas. Depois são prensadas e o mosto clarificado por decantação. Após este processo, a temperatura é estabilizada nos 15º C, são adicionadas leveduras seleccionadas e inicia-se a fermentação que dura duas a três semanas. Finda a fermentação, faz-se a transfega e inicia-se o processo de estabilização e clarificação. (transcrição livre da ficha técnica)

O vinho aparece parco de aromas... alguma fruta fresca e confitada. Na boca é fresco, mas curto e algo adstringente. Os 13º de álcool não se notam muito, apesar do vinho parecer ter sido diluído ém água, o que contribui para se confundir com um refresco que não é. Simples, sem defeitos, mas desinteressante. Beneficia com prévia decantação e copos decentes, mas pouco. Ainda assim, o facto de custar apenas € 1,19 e ser bebível, já abona em seu favor. Excelente para sangrias, para marinadas e outras preparações culinárias ou para quem não goste de cerveja... Entre beber meia garrafa deste Terras d'El rei ou um copinho de Pêra Manca, preferia o Pêra Manca.

Entrecosto de Porco Preto no Forno e Quinta de Roriz Reserva 2004

Este Quinta de Roriz Reserva 2004 foi apresentado na última edição da Revista de Vinhos de que falei aqui três post's abaixo e ficou na minha lista de boas relações qualidade/preço. Resolvi prová-lo a acompanhar um entrecosto de porco preto que barrei com uma pasta feita com banha de porco, sal, alho e pimenta. Levei ao forno em tabuleiro de barro com batatas novas com pele. Deitei também um pouco de vinho branco. Foi servido assim, com um esparregado de espinafres a acompanhar.



Quanto ao vinho... A marca "Quinta de Roriz" aparece pela primeira vez no mercado em 1999, com o Quinta de Roriz Tinto 1996, feito por António Agrellos, o Arquitecto dos Vinhos da Quinta do Noval. Entrou na escolha de José António Salvador dos 100 melhores vinhos do ano. Custava 2.820$00 (€ 14,10) em 1999. Este de 2004 foi desenhado por Charles Symington e Pedro Correia e é feito com Touriga Nacional (55%), Touriga Franca (35%), Tinta Roriz e Tinto Cão (5% de cada). Estagiou um ano em pipas novas de Carvalho Francês, tendo sido engarrafado em Outubro de 2005. Com os quatro anos que leva de garrafa, está macio e envolvente e foi um excelente acompanhamento para este entrecosto. O preço... Depois do Reserva 2003 ter sido comercializado a cerca de € 23,00 este 2004 já aparece a € 12,50 (Garrafeira Nacional). Nota pessoal: 17.

Açorda de Camarões e Herdade do Perdigão Reserva Branco 2008

Este Herdade do Perdigão Reserva Branco já há algum tempo que estava na calha para ser provado, depois de ter provado o tinto de 2001 aqui... Na verdade, não me lembrava de ter provado alguma das edições anteriores, embora o 2007 tivesse estado algumas vezes para ir parar ao cesto das compras. Não foi, acabou por ser este 2008 e logo para acompanhar uma açorda de camarões que foi feita assim, baseada numa anteriormente postada aqui:

Cozi camarões com casca em água temperada com um pouco de sal, malagueta e pimenta. Retirei os camarões, reservei a água da cozedura e descasquei-os. Reservei os camarões e e levei de novo ao lume a água da cozedura a que juntei as cabeças e as cascas. Deixei ficar em lume brando, enquanto fatiei pão já um pouco duro (usei o miolo do chamado "pão da padeira", uns pães com cerca de 500 g e parecido com o pão de água). Noutro tacho, deitei um fundo de azeite e alho esmagado; deixei o alho aromatizar o azeite e retirei o alho. Entretanto, coei a água onde cozi o camarão e deitei parte por cima do pão. Levei o pão ao tacho e fui mexendo e adicionando a água aos poucos até obter uma "papa" macia. Juntei os camarões e servi de imediato. Estava para juntar coentros, mas decidi não o fazer, depois de ter provado o vinho.




Este Herdade do Perdigão é feito com uvas da casta Antão Vaz, fermenta em barricas de carvalho Francês e estagia durante seis meses na madeira. Apresentou algumas notas de fruta, mas o pendor era mais vegetal no início. Muito elegante, com a madeira no ponto certo (para mim) de presença, revelou-se pleno na boca e a terminar longo e delicioso. Mais austero que comunicativo, mas a dar uma bela prova. Um belo vinho. (PVP: cerca de € 13). Nota pessoal: 17.

sábado, 28 de novembro de 2009

Mais Patetices da DECO

Há um ano atrás, a DECO brindou os leitores da Proteste com um belo artigo sobre vinhos tintos da Bairrada que tinha referido aqui.



Um ano depois, na última Proteste, a DECO analisou 34 vinhos brancos do Alentejo com indicação geográfica e 16 com denominação de origem.
Claro que mediram em laboratório uma série de coisas, como o título alcoométrico volúmico adquirido, a acidez volátil e total, os açúcares totais, o dióxido de enxofre livre e total e o ácido sórbico. Verificaram se a rotulagem era completa e esclarecedora. Mas a cereja no topo do bolo foi mesmo terem constituído um júri de amadores e profissionais que em prova cega se pronunciaram sobre a limpidez, cor, aroma e sabor de cada vinho, de forma a conhecer a probabilidade de os vinhos agradarem e também, detectar eventuais defeitos, tendo ainda o painel “profissional” determinado o período óptimo de consumo de cada vinho.

Os 50 vinhos escolhidos por tão distinta publicação pertencem (dizem) às marcas mais importantes e colheitas recentes disponíveis no mercado aquando da publicação da revista.

Todo o artigo dá vontade de rir, ou de chorar… Parece que a informação do rótulo e o respeito pelas normativas legais são mais importantes que o produto/vinho. Aliás, quando referem prova cega, não dizem mais nada… Quem provou?
Naturalmente, o Pêra Manca ganhou, nove pontos à frente do Lóios e se se optar por uma das escolhas acertadas deles, o Terras d’el Rei, poupa-se 8,87 € face ao Esporão Reserva…

Mais um péssimo serviço prestado aos consumidores, mas pelo menos este ano não disseram que em vez de se comprar uma garrafa de Pêra Manca se podiam comprar 21 garrafas de Terras d’el Rei…

Deixo apenas o top-ten. Boas compras...




Tanto rigor e nem quiseram ver que os vinhos classificados em 9º e 10º lugar estão trocados (o preço mínimo do Redondo Roquevale é inferior ao Selecção dos enófilos), o que em rigor tiraria o estatuto de escolha acertada que deram ao Selecção dos enófilos. Quem ganha com isto é o Intermarché que vai vender muitas garrafas aos "consumidores esclarecidos" que até vão agradecer pelo "serviço" que lhes foi prestado.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vinhos Tintos de Topo do Douro, by RV



Na última edição da Revista de Vinhos foi apresentada uma prova de vinhos tintos de topo do Douro, na sua maioria de 2007. Dos sessenta e nove vinhos provados, cinquenta e dois eram de 2007, dez de 2006, quatro de 2005 e três de 2004). Os preços de referência variam entre os € 8,30 e os € 79,00 e as classificações entre os 16 e os 18.5 (com sete vinhos notados com 16, treze com 16.5, vinte e dois com 17, vinte com 17.5, seis com 18 e apenas um com 18.5).

Vinhos por anos:

2007 – 52
2006 – 10
2005 – 4
2004 - 3

Vinhos por classificações:

18.5 – 1
18 – 6
17.5 – 20
17 – 22
16.5 – 13
16 - 7

Depois de ter lido as notas de prova resolvi fazer uma tabela onde listei os vinhos por grupos, consoante a classificação obtida e ordenei-os por preços.
Foi uma coisa, assim tipo DECO e que até podia ser pateta, mas que na verdade ajudou a perceber que num patamar de qualidade idêntico (decorrente do rigor e isenção das classificações dadas pelo painel de provadores da RV) aparecem propostas com preços a variar e muito (mas isto é só mesmo para dar uma ajudinha nas idas às compras).
Uma das coisas que salta imediatamente à vista é que os vinhos com pontuações mais altas (acima de 18) são todos de 2007 e mesmo no grupo dos vinte notados com 17.5, apenas aparecem dois de 2006, sendo os restantes de 2007.

Fazendo outro desdobramento, o vinho mais bem classificado (18.5) é proposto a € 30,00 e nos grupos seguintes temos valores entre:

18 – Entre os € 22,00 e os € 60,00;
17,5 – Entre os € 12,00 e os € 79,00;
17 – Entre os € 9,00 e os € 70,00;
16.5 – Entre os € 8,30 e os € 45,00;
16 – Entre os € 15.00 e os € 45,00.

Continuando a “brincar”, considerei como razoável o valor de € 30,00 para o vinho classificado com 18.5 valores e fui à procura de vinhos que fossem ficando mais baratos € 5.00 nos grupos seguintes, ou seja:

18.5 - € 30,00;
18 - até € 25,00;
17.5 - até € 20,00;
17 - até € 15,00;
16.5 - até € 10,00;
16 – Não se aplica porque único vinho abaixo dos € 10,00 teve 16.5.

Isto tudo para ver se meio ponto da RV pode valer € 5,00. Claro que isto é manipulação gratuita de números e não se pode tratar assim o vinho, como se fosse um electrodoméstico. Ainda por cima fiz isto sem pensar de que vinhos estaria eu a processar informação nem a que preço aparecem efectivamente no mercado…


Depois disto, fui ver o resultado:




Nada mau. Ainda fico com 14 rótulos dentro dos limites que estabeleci. Se os vou comprar todos? Não! Se penso em comprar outros que não cabem nesta lista? Claro…

Mas é uma bela lista, com:

18.5:
Poeira 2007, do Jorge Moreira.

18:
Quinta das Tecedeiras, Reserva 2007, da Dão Sul;
Quinta do Infantado Reserva 2007, do João Roseira;
Ázeo Reserva 2007, do João Brito e Cunha.

17.5:
Passagem Reserva 2007, da Sandra Bergqvist;
Dados Reserva 2007, da Messias;
Corpus 2007, da Gabriela Canossa;
Quanta Terra 2007, do Celso Pereira;
Tapadinha Grande Reserva 2007, de Domingos Alves de Sousa.

17:
Carm Reserva 2007, da Casa Agrícola Roboredo Madeira;
Curva 2006, da Sogevinus;
Quinta de Roriz Reserva 2004, de Charles Symington;
Quinta da Fronteira, da Companhia das Quintas.

16.5:
Palato do Côa Reserva 2007, de Sampaio e Melo Cabral.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Demanda da Alheira de Caça e o Pombal do Vesúvio 2007

Mais uma proposta com alheira de caça... Estas foram compradas na Baixa do Porto, numa casa no gaveto da Fernandes Tomás com a Rua do Bonjardim. No meio de todas as alheiras que estavam em exposição, comprei umas de caça de Vinhais que tinham um aspecto óptimo. Ao contrário do que costumo fazer com as alheiras de supermercado, estas foram para uma frigideira com apenas umas gotas de azeite a lume médio e com a pele... Deixei-as fritar na pouca gordura que iam largando e não se desfizeram. Para acompanhar, em vez das batatas cozidas e salteadas e os grelos, optei por fazer um arroz de portobellos, bem malandro. Num tacho, deitei cebola picada e um pouco de azeite. Salteei a cebola e juntei um pouco de polpa de tomate e vinho branco; deixei em lume brando enquanto cortei os cogumelos em pedaços e juntei os cogumelos e arroz carolino, bem como um pouco de água a ferver (aproximadamente o triplo do arroz). Deixei cozer o arroz e servi.



Este prato foi feito a pensar no Pombal do Vesúvio, a segunda marca da Quinta do Vesúvio, da familia Symington e situada em Foz Côa. Feito com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Amarela, é elegante, cheio de fruta e muito bem estruturado. Os 14º de álcool não incomodam nada. Proposto a cerca de 12 €, está muito bem. Nota pessoal: 16,8.

domingo, 22 de novembro de 2009

Quinta dos Roques Touriga Nacional 2007

1 - Quinta dos Roques

2 - Touriga Nacional

3 - 2007

Esta conjugação de factores é muito séria.

Os vinhos da Quinta dos Roques (e Maias), do Luís Lourenço são dos mais respeitados e venerados do Dão.
O Encruzado consegue, ano após ano, afirmar-se como uma das referências dos brancos Portugueses. Nos tintos, o Touriga Nacional e o Reserva brilham onde quer que apareçam.
Na feira de vinhos de Nelas, comprei uma garrafa deste Touriga Nacional 2007 para cometer mais um crime de infanticídio (o vinho só devia ser aberto daqui a uns dois anos). Resolvi acompanhar com um singelo bife grelhado, batatas novas assadas com a casca e um esparregado de espinafres. Nada de especial ou muito elaborado, porque a idéia era mesmo deixar brilhar o vinho.




E se brilhou... Decantado duas horas antes, ainda estava fechado, com notas vegetais e de lagar; abriu, tímido, mostrando alguma fruta, mas sempre longe dos esperados aromas florais da Touriga Nacional (numa prova cega até passava por blend). Violáceo, pujante e arrebatador. Cheio na boca e com um belo final, longo... Para voltar a provar daqui a uns anos... Não será o melhor dos infantes de 2007, mas nem por isso deixa de ser um caso sério. Nota pessoal:17.
(PVP: cerca de € 25)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Grão com Carne de Porco e Quinta do Carmo 2002

Esta preparação, apesar de ser feita com massa e grão não tem nada a ver com o rancho à Moda de Viseu. Ainda assim é uma forma agradável de harmonizar as partes gordas do porco com a massa e o grão num prato que, embora pesado, nesta altura do ano sabe bem. E este foi feito para provar um Quinta do Carmo de 2002.

No talho pedi para cortarem entrecosto, rabo, orelha e chispe de porco em pedaços pequenos. Deixei em sal de um dia para o outro, demolhei e cozi a carne, juntamente com chouriço de carne e morcela da Beira Baixa. Num tacho, deitei um fundo de azeite, cebola picada grosseiramente e alho esmagado e deixei a cebola ficar transparente; juntei um pouco de pimenta, polpa de tomate e malagueta. Deixei ficar um pouco em lume brando e depois juntei as carnes e grão de bico cozido; voltei a deixar mais um pouco e juntei macarronete riscado. Deixei a massa ficar al dente e servi.



"Os antigos vinhedos deram a notoriedade aos vinhos Quinta do Carmo. Desde 1992, os Domaines Barons de Rotschild (Lafite) e mais tarde o sócio Senhor Comendador José Berardo, levaram à propriedade o seu renascimento, sendo acompanhado de novas plantações e de uma adega renovada.
Plantadas em terrenos argilo-xistosos, as castas Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira e Castelão, complementadas agora com Cabernet Sauvignon e Syrah no vinho da Quinta do Carmo, com renome pela sua concentração e elegância.
Os métodos de cultura e vinificação respeitam a tradição, com integração das novas tecnologias que permitem exprimir o melhor da tipicidade do Alentejo.
O vinho passa por um estágio de um ano em barricas de carvalho francês antes de ser engarrafado na Quinta."
(tirado do contra-rótulo).

Este Quinta do Carmo é um clássico do Alentejo. Este 2002 já foi provado algumas vezes e está em muito boa forma. Os seus 14º quase não se notam, a madeira está elegantemente presente; alguma fruta, taninos domados. Dá muito prazer a beber.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ao Encontro do Entrecosto

Há algum tempo atrás, ensaiei uma harmonização de entrecosto de porco com morcelas da Beira Alta/Guarda (aqui) e agora resolvi revisitar esta preparação, com algumas variações. Desta vez fritei entrecosto de porco cortado em cubos, ligeiramente marinado em vinho branco, pimenta e alho, em banha de porco. Fritei as batatas na mesma gordura e salteei em seguida umas rodelas de Morcela da Guarda. Servi com um pouco de salsa picada.



E escolhi um vinho que à partida não será consensual, mas tal como no leitão à Bairrada, este Espumante Bruto da Quinta do Encontro, com a sua acidez e as bolhinhas veio a mostrar-se bela wine-pairing.

Sabores que os vinhos Dão

"Sabores que os vinhos Dão" é o nome de uma publicação patrocinada pela Câmara Municipal de Nelas, com coordenação do Chefe Hélio Loureiro. Apresentada aquando da realização da 18ª Feira de Vinho do Dão, que decorreu de 4 a 6 de Setembro deste ano, apresenta mais de 50 receitas da Cozinha Tradicional da Beira Alta, bem escolhidas e explicadas e uma inteligente e atenta selecção de Vinhos do Dão para as acompanhar. A edição foi de apenas 2.000 exemplares.

Do Prefácio, escrito pelo João Paulo Gouveia (Grão Mestre da Confraria dos Enófilos do Dão), pode ler-se o seguinte:

"As combinações entre comida e vinhos não são rígidas pois as regras são apenas básicas. Também a forma como se cozinham os ingredientes condicionam a escolha do vinho. O melhor para se combinar é conhecer o mais possível tanto o vinho como a comida e saber que os pratos não são estáticos. Não pare de experimentar, pois ao combinar pratos com diferentes vinhos terá dois mundos de surpresas. Não se esqueça de ter atenção às temperaturas de serviço, aos copos e, claro à boa companhia."

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Casal Figueira Vindima Tardia 2007 Last Edition

Um vinho feito pelo enólogo e produtor António Carvalho (RIP) em A-dos-Cunhados, Torres Vedras, num terroir mais que improvável (seria?) para plantar castas Gaulesas. Este colheita tardia, feito com Petit Manseng e apresentado numa garrafa de 50 cl, tem apenas 11º de álcool.
Last Edition, porque foi a última vindima em Casal Figueira.
O vinho aparece com notas de fruta bem madura, alguma compota e mel. E mel continua, na boca, mas com acidez para amparar tanta doçura. Termina longo e entusiástico. Nota pessoal: 16,5. (PVP: 13€). Excelente para animar uma boa conversa...

domingo, 15 de novembro de 2009

Notas de Cozinha, de Leonardo da Vinci



Leonardo da Vinci (1452-1519) é uma das figuras mais multifacetadas da história. Considerado desde o séc. XVI como uma espécie da “mago”, foi pintor, escultor, arquitecto e mestre de banquetes nas cozinhas de Ludovico Sforza.

É assim que é apresentado o Autor deste livro, que li e que é mais uma contribuição para a Academia.

Em 1469, com 17 anos, Leonardo vai como aprendiz para Florença, para a oficina de Verrochio, onde fica durante 3 anos. Passado esse tempo e enquanto se procura impor como pintor, começa a trabalhar à noite como criado de mesa, na Taverna dos Três Caracóis. Na Primavera de 1473, todos os cozinheiros morrem misteriosamente por envenenamento e Leonardo é incumbido de supervisionar as cozinhas. Com o seu espírito inquieto, rapidamente transforma a sensaborona polenta com carnes, em pratos novos e requintados.
Em 1478, a Taverna dos Três Caracóis é destruída por um incêndio e Leonardo, com Sandro Boticelli, abre uma nova taverna nesse sítio, decorada com telas de Verrochio e denominada A Marca das Três Rãs de Sandro e Leonardo. O estabelecimento não foi propriamente um sucesso e em 1482, Leonardo parte para Milão, onde fica ao serviço de Sforza, como Conselheiro sobre Fortificações e Mestre das Folias e Banquetes. A princípio, Leonardo pouco mais faz do que “animar os pós-prandiais”, com o seu alaúde, mas aos poucos vai fazendo outras coisas, como o projecto de alteração das cozinhas do Palácio Sforza.
E Leonardo lista os requisitos básicos de uma cozinha:

“Primeiro que tudo [é preciso] um lume permanente. Depois, um fornecimento constante de água a ferver. A seguir, um chão que esteja sempre limpo. Então, vêm dispositivos para limpar, moer, talhar, pelar e cortar. Seguidamente, um dispositivo para manter a cozinha livre de cheiros e fedores, enobrecendo-a com uma atmosfera suave e sem fumo. E música, pois que os homens trabalham melhor e com mais alegria quando há música. Finalmente um dispositivo para eliminar as rãs dos barris de água potável".

Ao longo da sua vida, Leonardo vai desenvolvendo alguns utensílios para facilitar o trabalho na cozinha e discorrendo sobre a cozinha e a comida, no Codex Romanoff.

Deixo uma nota sobre etiqueta à mesa:

“O meu Senhor Ludovico tem o costume de atar coelhos adornados com fitas às cadeiras dos seus comensais, a fim de que estes possam limpar as mãos engorduradas às costas do animal, costume que eu considero impróprio na época em que vivemos. E quando, depois da refeição, os animais são recolhidos e trazidos para a lavandaria, o fedor infiltra-se nos outros panos que são lavados conjuntamente com eles. Também não me apraz o hábito de o meu Senhor limpar a faca às vestes do vizinho. Porque razão não lhe é possível fazer como os outros membros da corte que a limpam à toalha trazida para o efeito?”

Bétula Branco 2008 e Lulas "Suadas"

“Produzido na Quinta do Torgal, situada no coração da Freguesia de Barrô e na margem esquerda do Douro, o Bétula Branco é feito a partir das castas Viognier (50%) fermentado em barricas de carvalho Francês e Sauvignon (50%) fermentado em inox a baixa temperatura. A vinificação foi efectuada na 3ª semana de Setembro. De cor citrina, mostra um aroma exuberante e complexo a fruta tropical e vegetais. Na boca é pleno de bons sabores frutados e uma bela acidez”. (do contra-rótulo)



Acrescentando informação da ficha técnica, este vinho foi feito a partir de uvas de vinhas plantadas em 2006 com solo granítico muito pobre. As uvas foram apanhadas manualmente para caixas de 15 Kg, com triagem em tapete. Esmagamento e prensagem suave, com fermentação lenta e a baixa temperatura (14º C). Foi engarrafado (3000 garrafas) em Maio de 2009. O Enólogo é Francisco Montenegro (Aneto) e o PVP recomendado é de 12/14€.


Depois de apresentado o vinho (enviado pelo produtor para prova), destaque para a elegância do conjunto garrafa, cápsula e rótulo. Foi refrigerado, decantado e servido a 12º. Notas iniciais de vegetal, conferidas pelo Sauvignon Blanc, a abrir para fruta. O vinho é bem estruturado com o lote de Viognier a estabelecer uma bela relação com o Sauvignon. Muito bom corpo, boa acidez, dá muito prazer a beber. O álcool (13,5º) fica bem envolvido e a madeira aparece no ponto certo. Para o primeiro vinho feito das uvas de videiras tão novas, promete muito para próximas colheitas. Nota pessoal: 16,5.



Acompanhei com umas simples lulas (que deixei a marinar em limão, salteadas no wok, tendo depois acrescentado o líquido da marinada e salsa fresca e deixando-as a “suar” até estarem cozidas) e batatas cozidas.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Quinta do Mouro 1995 e Comida

O Quinta do Mouro é um daqueles vinhos Alentejanos que às vezes quase passa despercebido. Explico... Neste momento encontramos o 2004 à venda, a quase € 30. Não é um "topo" (em preço) nem é propriamente um vinho para a semana ou mesmo o mês (nem pensar no dia a dia). Nem me lembro de ter provado este vinho desde que o blog existe... Há algum tempo atrás (pouco mais de um ano) ficou uma garrafa do 2002 por abrir, num jantar onde se provaram alguns bons vinhos Alentejanos (aqui).
Mas os vinhos da Quinta do Mouro, de Miguel António de Ordoña Viegas Louro são dos mais respeitados em Extremoz e arredores. Na verdade, desde o Casa de Zagalos até ao Touriga Nacional ou Rótulo Dourado, tudo o que vem da Quinta é motivo de respeito vínico. Basta lembrar que um lote de Castelão da vindima de 2000, rejeitado por Miguel Louro, foi o mote para Dirk Van Niepoort "fazer" um vinho no Alentejo.

Este 1995 apareceu a um preço quase demasiado baixo... Em circunstâncias normais, custaria pelo menos € 20, mas estava a ser proposto na confeitaria Doce Fada a um preço absolutamente pornográfico: € 4,99. Claro que não podia escapar. Comprei apenas uma garrafa, para provar. Inicialmente pensei em fazer um prato de carne, qualquer coisa como porco estufado com castanhas, mas depois de ter aberto, decantado e provado o vinho, fiquei a pensar num bacalhau cozido com legumes...



E foi mesmo o que fiz... Quanto a este vinho que já leva 14 anos? Perdeu corpo e pujança. Ainda tem fruta, as notas da madeira estão deliciosas, mas termina curto. Para o bacalhau foi bela wine-pairing... Fiquei com vontade de ir buscar mais duas garrafas para ponderar o acompanhamento do bacalhau de Natal. Nota pessoal: 16

Condessa de Santar 2008 e uma Salada de Bacalhau

"A casa de Santar orgulha-se de apresentar este vinho branco, fermentado a partir das mais elegantes castas do Dão. Uma homenagem à actual Condessa de Santar, D. Maria Teresa Lancastre de Mello." (do contra-rótulo)



Este Condessa de Santar é o branco de "topo" da Casa de Santar, acima do Casa de Santar e do Casa de Santar Reserva. Feito com 50% de Encruzado, 25% de Cerceal e outro tanto de Arinto, com fermentações separadas em barricas novas de carvalho francês. A viticultura está ao cuidado do João Paulo Gouveia e o enólogo é Pedro de Vasconcellos e Souza. Tudo no vinho respira elegância, desde os aromas frutados do Encruzado a marcar o nariz e as delicadas notas de tosta da barrica. Na boca é delicado, mas cheio e termina razoavelmente longo. Juntamente com o Paço dos Cunhas de Santar, é um caso sério na oferta de Brancos do Dão feitos pela Dão Sul. Custou € 13,00 na loja da Quinta do Encontro. Nota pessoal: 17,5.



Foi uma excelsa companhia para uma salada de bacalhau com feijão frade.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Figueira de Cima 2004 e Perna de Porco no Forno

Este Figueira de Cima 2004 é um vinho feito no lugar com o mesmo nome, uma vinha de solos pedregosos, próxima da Serra de São Mamede em Arronches, com Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet e estágio de 12 meses em madeira de Carvalho Francês. Tem 13º de álcool. Um vinho Julian Reynolds com assinatura de Paulo Laureano.



Este vinho estava há algum tempo atrás em promoção na Makro (com 50% de desconto saiu a 5 €) e foi comprado pelo PadreFrancisco que me trouxe uma garrafa para provar. Resolvi assar um naco de perna de porco no forno para acompanhar o vinho. A comida em princípio iria funcionar bem com um vinho alentejano de 2004 e com uns razoáveis 13º. O vinho aparece um pouco fechado no início mas logo abre para fruta muito (demasiado?) madura; muito guloso, redondo e equilibrado, acaba por ser prejudicado por um pouco de "peso" a mais. Sem dúvida, um vinho bem feito, para quem gostar do estilo. Nota pessoal: 16.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quinta da Covada Reserva 2007 e Arroz de Entrecosto e Portobellos



Este Quinta da Covada Reserva 2007 foi uma oferta do João Lopes Pinto, enólogo e filho do produtor ao preguiçoso Gus, que já provou o vinho mas que se recusa a postar aqui no blog, alegando que não tem tempo ou não lhe apetece escrever – pois, pah, sou eu que tenho que fazer tudo…

Depois do almoço do Fórum RV, o Gus mete uma garrafa deste vinho no meu saco (que já tinha o espumante da Quinta do Encontro, o Condessa de Santar e os despojos da magnum de Porta de Cavaleiros 1996) e sugere-me que prove o vinho “azinha” e poste no blog…

Nada mais fácil… Hoje de manhã, o Gus envia-me a ficha técnica e eu li que o vinho foi feito com 30% de uvas da casta Touriga Nacional de uma vinha de 1 hectare situada em Tabuaço, com 15 anos e a cerca de 410 m de altitude, com solo muito xistoso e pobre e que os restantes 70% vieram de uma vinha velha (entre 45 e 80 anos) de 3 hectares, situada em Armamar com solo xistoso, a 150 m de altitude e com mistura de castas (Rufete, Tinta Amarela, Tinta Roriz e outras) . Estagiou durante 14 meses em barricas novas de Carvalho Francês, tem 14,7º de álcool e apenas se produziram 1250 litros, engarrafados em 1500 garrafas normais (75 cl) e 40 em double magnum (3 litros). Os 5 litros que sobram, onde estarão? Foi engarrafado em Junho deste ano e o Produtor recomenda um Pvp de € 14..

Para preparar esta prova, de manhã deixei a garrafa a “dormir” no frigorífico e pensei num prato que pudesse ser bom food-pairing para este jovem Reserva do Douro… Podia ser um arroz de entrecosto de porco e foi o que fiz, juntando aqui cogumelos Portobello.
Abri o vinho e deitei-o no Decanter e um pouco para o copo.
Deitei uma mistura de banha de porco e azeite no tacho, juntei cebola, alho, pimento, sal, pimenta preta em grão, duas malaguetas, cravinho, o entrecosto de porco cortado em cubos, algumas rodelas de chouriço da Beira Baixa e deixei alourar um pouco; juntei polpa de tomate e um pouco de água e deixei a estufar. Deixei em lume baixo e provei o vinho… Austero, fechado, mas com uma bela estrutura a denunciar o que viria depois de estar a 16/17º e a acompanhar a comida que eu estava a fazer.
Quando a carne estava macia, juntei água quente, arroz carolino e os cogumelos cortados em pedaços. Juntei ainda um pouco de cominhos moídos. Logo que o arroz estava cozido, servi.



Naturalmente, o vinho abriu (e de que maneira). Não é um vinho fácil, antes um daqueles que nos deixa à espera que ele revele o que lhe vai na alma. Nada de flores da Touriga, mostra mais a complexidade das vinhas velhas no aroma. Madeira elegante e domada, taninos pujantes, mas sem incomodar, álcool bem integrado e acima de tudo, um longo e delicioso final e uma bela aptidão gastronómica. Tem tudo para viver longos anos em garrafa, mas eu ficava contente se provasse uma das 40 double magnuns daqui a uns 3 anos (seguramente não seria muito diferente da prova de hoje). Gostei muito do perfil deste vinho. Nota pessoal: 17.

domingo, 8 de novembro de 2009

1º Almoço do Fórum da Revista de Vinhos - Quinta do Encontro 07/11/2009

A 12 de Fevereiro de 2009 "abre as portas" o novo Fórum da Revista de Vinhos com este post do Luís Antunes aka xarax. Desde então tem sido um espaço de discussão à volta dos vinhos e das comidas que conta com 914 tópicos e 10.405 post' s (enquanto escrevo este post) e a Direcção da RV organizou um almoço na Quinta do Encontro, na Bairrada para todos os membros do fórum interessados em participar. Pedia-se que cada participante levasse uma garrafa de vinho à escolha em formato Magnum ou duas normais, para que todos pudessem provar vários vinhos. Escolhi um Porta dos Cavaleiros Reserva de 1996 que me pareceu ir acompanhar bem o belo do leitão à moda da bairrada que constava na ementa do almoço.

A Quinta do Encontro, da Dão Sul situa-se em São Lourenço do Bairro e tem um novo edifício, desenhado pelo Arq. Pedro Mateus que compreeende a adega e um restaurante, bem como uma loja para venda dos produtos da empresa.





Com começo previsto para o meio dia do passado Sábado e debaixo de uma chuva irritante saí do Porto com o PadreFrancisco e com o Frexou ao mesmo tempo que o Gus saía de Viseu. GPS programado de véspera para não pensar no percurso e passado cerca de uma hora eis-nos na Quinta do Encontro. Recebidos pelo xarax, que nos entregou umas etiquetas com os nossos nomes em troca das Magnuns e do pagamento do almoço (Luís, desculpa lá eu ter andado com a minha no bolso) esperámos enquanto os inscritos iam chegando.



Para além do xarax e do Luís Ramos Lopes (o Director da Revista) estiveram presentes alguns produtores como Mário Nuno, Luís Pato, João Roseira e Rita Marques Ferreira e mais uma trintena de Foristas.

O Almoço começou com uma visita à muito bem desenhada adega (situada no piso inferior do edifício) orientada pelo Eng. Carlos Lucas, da Dão Sul e uma prova do Espumante Bruto 2006 da Quinta do Encontro e alguns amuses-bouche. Em seguida subimos para o restaurante, onde pudemos provar alguns dos novos vinhos da Dão Sul da colheita de 2009, naturalmente em amostras, uma vez que ainda não estão engarrafados.



Em seguida dirigimo-nos para a zona onde estavam os vinhos brancos para escolher a companhia para a entrada. Provei o Soalheiro 2007 (em Magnum) e o Bágeiras Garrafeira 2007.



Depois deste folhado delicioso, hora de "atacar" os tintos... Desde Ch9-du-Pape (em xaraxcês), Clos Mogador, Quinta do Cotto, Callabriga, Charme, Pedro e Inês, Grande Encontro, Quinta das Maias, Único dos Carvalhais e mais alguns, não faltaram belos vinhos para acompanhar o Leitão (lista de todos os vinhos em prova, aqui). Já agora, uma nota em relação ao Leitão... O que se provou, para além de provir de animais de bom tamanho (cerca de 10 quilos, acima disso é porco) estava magnificamente assado e cortado como deve ser, ou seja em pedaços não maiores que 5x5 cm. As batatas cozidas com pele são o melhor acompanhamento. Foi servida ainda salada de tomate e alface e laranja em rodelas (que naturalmente dispensei). Vi agora que não tirei fotos ao leitão, mas estava em muito bom nível e só por isso já tinha justificado a ida...



Como sobremesa, um creme queimado de espumante... Muito parecido com o Leite Creme tradicional, mas com uma textura mais untuosa. Delicioso, a pedir um Porto Tawny com alguma idade, mas ninguém se lembrou disso. Ainda assim, havia vintages da Quinta do Vesúvio 1995, Osborne 1995 e Quinta das Tecedeiras 2005.



No fim, enquanto se iam acabando as provas e se passava ao café ainda houve tempo para mais conversas, um breve discurso do Luís Antunes, sobre o almoço e sobre o fórum e para a gentil oferta do Eng. Carlos Lucas aos participantes de uma garrafa de espumante 2006 da Quinta do Encontro.




Nota final de agradecimento para a Equipa da Quinta do Encontro, que tão bem, correcta e profissionalmente nos recebeu e, claro, aos mentores deste evento, um grande abraço.

Ao fim da tarde, antes de voltar para o Porto, ainda passámos na Quinta das Bágeiras para uma flute do Espumante Bruto 2002 e uma prova de amostras de barrica dos vinhos da colheita de 2009.



Mário Nuno e João Roseira a tirar uma amostra de barrica do Bical/Maria Gomes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2007 e Bacalhau com Grão

Quanto ao bacalhau com grão é mesmo só para dizer que é um belo prato para provar/degustar/beber este belo vinho...




Este Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2007 (já tinha provado aqui o 2008, 2005, 2004 e 2001) foi feito como os seus irmãos de outras colheitas, com uvas de Bical e Maria Gomes provenientes das vinhas velhas da Quinta e estagiado em madeira usada. Em 2008 foram feitas 2836 garrafas (provei a nº 437). O vinho aparece muito bem de aromas; na boca é cheio, com a acidez no ponto certo, algumas notas muito elegantes de madeira e com um final longo. Tudo no ponto certo e acima de tudo a dar um enorme prazer a beber. Nota pessoal: 17,5. Pvp: cerca de € 12,50, o que o tornam num belo caso de relação qualidade/preço.

Alheiras de Caça e Tapada de Coelheiros 2008

Já tenho tido muitas experiências com alheiras, das melhores às piores... Ultimamente tenho andado a experimentar algumas que são vendidas em hipermercados e resolvi comparar duas: as alheiras de caça "Bísaro", compradas a € 10,45/kg no Jumbo de Gondomar e as alheiras de caça "Ilda Lázaro", compradas a € 6,89/kg no Continente das Antas. As primeiras aparecem com muito bom aspecto, louras acastanhadas e com uma boa consistência; já as segundas aparecem branquelas, mais moles e com a salsa picada a dar uns laivos esverdeados.

Para as degustar, fiz assim:

Deitei um fundo de óleo de pouco mais de 1cm numa frigideira e levei a lume baixo. Descasquei batatas de polpa amarela e cortei em palitos toscos. Confitei as batatas no óleo (a menos de 110º C) e quando estavam macias polvilhei com sal fino e reservei. Juntei um pouco de banha de porco ao óleo onde fritei as batatas e deixei aquecer até cerca de 150º C. Fritei as alheiras (depois de lhes ter feito uma incisão longitudinal da parte de fora para a pele sair e as alheiras ficarem direitinhas) e reservei-as. Aqueci a gordura até aos 180º C e dei uma segunda fritura às batatas. As batatas fritas assim ficam macias por dentro e crocantes por fora. Entretanto, tinha cozido grelos de nabo; escorri-os e salteei-os numa frigideira com azeite e alho e fui desfazendo-os com a colher de pau. Juntei um pouco de farinha de milho e fui mexendo até obter uma "papa" consistente. Servi...

As alheiras "Bísaro" apresentaram-se empapadas, deselegantes e com um indesejável gosto a colorau, enquanto que as "Ilda Lázaro" se apresentaram muito mais correctas e sápidas. Já é a segunda vez que enfio um barrete com produtos da marca Bísaro... Enfim, posso dizer que as alheiras Ilda Lázaro, não sendo nada de especial, bateram as outras por 10-0 e ainda por cima são um bocado mais baratas.



Para acompanhar estas alheiras resolvi beber um vinho branco que não provava há bastante tempo. O Tapada de Coelheiros Branco 2008. Feito com Arinto, Chardonnay e Roupeiro, estagia durante três meses em madeira. O trio de castas resulta muito bem, com o chardonnay a dar a untuosidade, o arinto a contribuir para a frescura e o roupeiro a equilibrar o lote. Um vinho que é um clássico do Alentejo. Nota pessoal: 16,5.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Fritos de Bacalhau e Quinta do Cerrado Encruzado 2008

Estes fritos de bacalhau derivam dos pasteis de bacalhau. Foram feitos com sobras de bacalhau cozido com grão. Desfiei o bacalhau, esmaguei o grão e juntei pimenta preta moída e ovos até obter uma massa menos líquida que a das paraniscas. Fritei em óleo bem quente. Ficam deliciosos.



Este Encruzado da Quinta do Cerrado foi mais uma das compras da Feira de Vinhos do Continente. Muito bom na prova de nariz, aparece inconsistente na boca; algo magro (quase como se diluído em água) e com um final muito curto. Podia ter sido feito na bimby. Ao preço (cerca de € 6,00) há melhor. Nota pessoal: 15,5.

Lombinhos de Porco com Molho de Mostarda e Adega de Pegões Colheita Seleccionada Branco 2008

Ás vezes apetece-me acompanhar pratos de carne com vinho branco. Neste caso, uns lombinhos de porco marinados em vinho e alho, com um toque de pimenta preta e louro. Foram fritos/salteados em banha de porco e reservados. Juntei o líquido da marinada à gordura da fritura, um pouco de mostarda (gosto da savora... saborosa qb e pronto), deixei reduzir, introduzi a carne e deixei em lume muito baixo. Uma proposta banal, mas muito saborosa. Acompanhei com batatas cozidas.



Revisitei este Adega de Pegões que agora já se encontra a € 2,99 em alguns sítios. Muito bem feito, para beber sem pensar muito. Nota pessoal: 15,5.