terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Lombinho de Porco em Cama de Açorda de Portobellos e Couve para Quinta da Carolina Tinto 2006

Há algum tempo tinha visto uma açorda de míscaros no blog do Luís, o Outras Comidas que ficou teimosamente, se não na retina, pelo menos numa qualquer memória futura a evocar, no palato. Depois a Ana, do Cozinha com a Anna, também experimentou e gostou. Curiosamente, o Luís acompanhou a açorda com ameijoas e a Ana com linguados fritos...

Para mim, que não tenho qualquer costela alentejana, a açorda nem era coisa que me tentasse, até ter ensaiado pela primeira vez uma açorda de mariscos (aqui) também a partir de uma proposta do Luís e confesso que fiquei fã, por isto:

"Aqueles pratos de que é costume ouvir-se dizer, faz-se "uns" ou "uma", como os bifes, a omoleta, ovos mexidos, no sentido de que são coisa simples e rápida, que qualquer um pode despachar num instante, correspondem geralmente a pratos que, pelo contrário, precisam de verdadeira sabedoria, experiência e tempo, para poderem ficar livres do miserável destino de comida de ocasião e ganharem todas a nuances que encerram mas de que são ciosos e libertam, só para alguns." (citação)

E a açorda acabou por ser o mote para harmonizar lombinhos de porco e cogumelos portobello com o Quinta da Carolina 2006.

Num tacho deitei um fundo de azeite, sal, pimenta preta e alguns dentes de alho esmagados, bem como cogumelos portobello cortados em quatro; salteei os cogumelos e reservei-os. Juntei pão em fatias demolhado em água quente e fui mexendo em lume brando por forma a obter uma papa "lisa". Juntei um pouco de couve galega cortada em tiras finas e deixei mais um pouco, juntei os cogumelos, envolvi e servi, a acompanhar lombinhos de porco grelhados apenas com sal marinho.

Claro que a açorda poderia/deveria ter levado coentros ou salsa e os lombinhos poderiam ter marinado em vinho e alho, mas foi opção minha não "mascarar" sabores com demasiados temperos.



O prato foi feito para acompanhar o Quinta da Carolina tinto 2006. Quando comprei o Carolina branco 2008, no Tio Pepe, o Luís Cândido teve a amabilidade de me oferecer uma garrafa deste tinto para provar. Na verdade, depois de ter provado o branco (parece que está no post abaixo), fiquei com alguma curiosidade para provar este vinho. Lembro-me de ter provado há uns anos a edição de 1999, feita na altura pelo Jerry Luper e ter gostado bastante, pelo que a expectativa era grande em relação a este 2006, feito pelo Jean-Hugues Gros. Refrigerei o vinho e decantei-o um par de horas antes de provar (claro que saltou logo um pouco para o copo para prova preliminar e afinamento do prato).

Em destaque a bela e límpida côr ruby. Notas de fruta bem madura e algum chocolate. Muito bom na boca, fresco e pleno, com um excelente final. Bela combinação das vinhas velhas da Quinta com a enologia de Jean-Hugues Gros. Belo tinto. PVP: € 27,00. Nota pessoal: 17,5.