segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Olho no Pé Pinot Noir Grande Reserva 2008

Apesar de vivermos num país pequeno e rodeado de água e de espanhóis por todos os lados e sermos todos donos dum banco, duma ilha e de dois submarinos avariados, não somos todos ricos. Pelo contrário... Há quem trabalhe (colar cartazes não é trabalho) e seja convidado a emigrar, há quem tenha formação superior (cursos ao domingo e pós-graduações sem licenciatura não contam) e não consegue arranjar emprego, há quem tenha perdido muito a pagar contribuições, ao ponto de ter encerrado actividade pagadora de impostos e há, por outro lado, quem passe de uma vespa ou lambretta a audi q7, há quem estude filosofia em paris, há quem viaje pelo mundo e há quem mande no mundo e nos diga que em tugal as coisas são assim porque mesmo pagando tudo o que nos dizem que temos que pagar, mesmo tendo uma carga fiscal brutalíssima, os cêntimos que nos sobram não se podem usar para ir a cabo verde na tap (que também é nossa... temos aviões e tudo, que bom) ou ir meter gasolina a espanha (pagando a portagem, já não compensa). Viva o IVA a 25% (lá chegaremos) mailas cargas poliçiais e um dia destes até o nosso primeiro vai perceber que a vaca secou e que o seu (dele) patrono já não lhe acode. Resta-lhe ir ao LIDL e pagar em escudos o que a bola de berlim nos tiver deixado... Triste sina a nossa!

Mas enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, já dizia um cristo. E enquanto houver douro, há vinho. O douro não é eterno e mais valia que não fosse património da humanidade, já que humanidades destas, leia-se edp, levem-nas para marte. Mas enquanto se puder ter vinhas de Pinot Noir no douro e o Tiago Sampaio puder fazer vinho delas, mesmo que com estágio de 22 meses em madeira, teremos sempre um vinho grandiloquente que nos deixa a pensar que afinal este rectângulo não é só feito de políticos e de cátias maila tvi e a poputa do sr belmiro.

Cor rubi média, fruta vermelha aos molhos, madeira apenas presente para complexizar a coisa, veludo na boca, apesar dos taninos ainda presentes a assegurar longevidade e uma enorme aptidão gastronómica, é o que se me apraz dizer deste Olho no Pé. Será o melhor pinot tuga? Não sei nem quero saber, já que qualquer comparação, quando se fala de tugal, baixa a registo quase pornográfico. É, tipo, tás a ver? chamar ao fado, o jazz português, como se o fado não tivesse nele mais mundo do que o jazz.

Voltando ao vinho, é muito bem feito! Por € 16,50 (@GTP) é um achado...    


E que bem que acompanhou uma espécie de rancho :)

Sem comentários:

Enviar um comentário